A Rússia nos é “vendida”, pelos grandes meios de comunicação, como um país tirânico, cruel, matador de crianças, com dirigentes truculentos, verdadeiras bestas ferozes e desumanizadas.
Por Wellington Duarte– de Brasília
A Federação Russa é o maior país do mundo, com 17,1 milhões de Km², duas vezes o tamanho do BraZil, embora em termos de população (146 milhões de habitantes), seja apena o nono maior do mundo, ficando atrás do nosso país. Com relação à sua riqueza medida em Produto Interno Bruto (em valores correntes e em dólar), está em décimo primeiro lugar. Detalhe: A Federação Russa não é a União Soviética. Parece ridículo ter de escrever isso, mas muitos ainda acham que a Rússia é um “país comunista”.Estados Unidos
O que os EUA fizeram com Cuba, Venezuela, Coreia do Norte, Síria, Irã e, em menor grau, com a própria China, é agora colocado como uma poderosa peça de guerra. Os EUA estão usando, de forma absolutamente descarada, a Ucrânia como “bucha-de-canhão” e a União Europeia como seu “ajudante de ordens”, para tentar manter sua hegemonia econômica, financeira e militar no mundo, neutralizando a “ameaça russa”, já que o governo moscovita está questionando o “império estadunidense”. A hegemonia econômica dos EUA está sob risco, já que a China está, a passos largos, ultrapassando sua economia; já a hegemonia financeira pode estar com os seus dias contados, já que muitos países começam a ver o dólar como uma moeda que pode, a qualquer momento, ser usada como arma estratégica. Putin, que durante algum tempo foi visto como um “aliado difícil”, agora passou a ser um monstro fanático, parecido com o próprio Hitler, de acordo com os delírios de Biden, que tem assustado líderes dos países mais fortes da União Europeia, encalacrados nessa situação. Para a nossa mídia, a Rússia é Rússia. E pronto. É má, e pronto. Não teve nenhuma razão para invadir a Ucrânia. Não! Mas se havia a possibilidade do governo pró-nazista de Zelensky, antes um servo medíocre dos EUA, e agora um Churchill repaginado, colocar mísseis a dois minutos de Moscou, o que a Rússia deveria fazer? De acordo com esses patéticos analistas, nada, pois a “soberania” da Ucrânia a protegia. De repente os EUA, que estão fazendo a mesmíssima coisa que fizeram no Kosovo, Iraque, Síria e Líbia, se tornaram “cavaleiros da democracia” e o singelo fato de terem interferido explicitamente na Ucrânia em 2014, como aliás fizeram em Pindorama, não tem mais relevância. Aliás a relevância se ancora no poder estadunidense, e só! O mundo não será mais o mesmo.Wellington Duarte, é professor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Rio Gande do Norte - UFRN, doutor em Ciência Política e presidente do Sindicato dos Professores da UFRN (ADURN-sindicato).
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