Em reunião com embaixadores, Bolsonaro repete mentiras eleitoreiras

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Publicado Segunda, 18 de Julho de 2022 às 15:08, por: CdB

Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, recusou convite de Bolsonaro. Em ofício enviado ao cerimonial do Planalto, na sexta-feira, Fachin agradeceu o convite, mas disse que não poderia participar, por conta do seu "dever de imparcialidade".

Por Redação, com BdF - de Brasília
Na reunião promovida na tarde desta segunda-feira, que o presidente Jair Bolsonaro (PL) chamou de "apresentação técnica" sobre o sistema eletrônico eleitoral do país, no Palácio da Alvorada, o mandatário repetiu as mesmas mentiras que andou veiculando pelas redes sociais. Roteiro do encontro ao qual a reportagem do Correio do Brasil teve acesso, listava as teorias conspiratórias, sem qualquer prova, nas quais ele teria sido lesado nas eleições de 2018.
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Bolsonaro limpa o nariz com forte coriza devido a um forte resfriado, pouco antes da reunião com embaixadores
Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, recusou convite de Bolsonaro. Em ofício enviado ao cerimonial do Planalto, na sexta-feira, Fachin agradeceu o convite, mas disse que não poderia participar, por conta do seu "dever de imparcialidade". A reunião com os representantes estrangeiros, que sequer consta na agenda oficial da Presidência, tratou-se de mais uma forma de o presidente repetir mentiras e ameaças sobre o sistema e as urnas eletrônicas. Segundo afirmou uma fonte ao CdB, em uma das embaixadas que recebeu o convite para o convescote, “o mal estar do embaixador foi grande, uma vez que sequer poderia declinar da presença em tal acontecimento”.

Cruzada

Sem uma prova sequer do que repetiu aos diplomatas, Bolsonaro repetiu o discurso golpista como uma forma de esconder os problemas de seu governo, a alta reprovação e as recentes pesquisas que o colocam distante do líder, o ex-presidente Lula (PT). Por meio de uma profusão de mentiras, Bolsonaro vem fomentando a descrença nas urnas. No entanto, em lugar de ser barrado por aqueles ao seu redor, o mandatário tem contado com o respaldo de militares, membros do alto escalão do governo e seu partido em sua cruzada contra a Justiça Eleitoral. As Forças Armadas vêm repetindo o discurso de Bolsonaro. Em ofício recente, solicitaram ao TSE todos os arquivos das eleições de 2014 e 2018, justamente os anos que fazem parte da retórica de fraude do presidente.

Braga Netto

A organização da reunião desta segunda-feira foi vista como uma resposta de Bolsonaro ao encontro de junho do ministro Edson Fachin, presidente do TSE, com os representantes estrangeiros e mais um capítulo da crise entre o Planalto e o TSE. Vão participar pelo governo, disse Bolsonaro, os ministros Ciro Nogueira, da Casa Civil, e o da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira. O ex-ministro Braga Netto também foi convidado, segundo ele. Antes mesmo de ser eleito em 2018, Bolsonaro já dizia que só não ganharia se houvesse fraude. O discurso aparenta assim funcionar como um plano B para o caso de perder o pleito. Também funcionou como uma tentativa de pressionar o Congresso pela aprovação do voto impresso. Receba no seu email as notícias sobre o cenário jurídico e conteúdos exclusivos: análise, dicas e eventos; exclusiva para assinantes. No mesmo dia da votação da PEC do voto impresso, em 2021, Bolsonaro foi protagonista de um desfile de veículos militares em frente ao Palácio do Planalto. Entretanto, apesar das seguidas manifestações golpistas do presidente ao longo do ano, o projeto foi derrotada pelo plenário da Câmara dos Deputados.

Crise entre poderes

Foram 229 a favor do texto, 218 contra e uma abstenção. Eram necessários ao menos 308 votos dos 513 deputados — 60% — para que a proposta de impressão do voto dado pelo eleitor na urna eletrônica fosse adiante. Ou seja, faltaram 79 votos para que a PEC fosse aprovada. Diante do resultado, ela foi arquivada. A votação enterrou a proposta que mobilizou a escalada de ataques de Bolsonaro a integrantes do STFe do TSE e que agravou uma crise entre os Poderes. Em 2020, Bolsonaro chegou a prometer mostrar provas "brevemente" de fraude na eleição de 2018 —ele disse que deveria ter sido eleito no primeiro turno, e não no segundo. — Eu acredito, pelas provas que eu tenho nas minhas mãos, que vou mostrar brevemente, eu fui eleito em primeiro turno", afirmou Bolsonaro na ocasião. "Nós temos não apenas uma palavra, nós temos comprovado. Nós temos de aprovar no Brasil um sistema seguro de apuração de votos — resumiu.
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