Polícia do Quênia prende líder de seita acusado da morte de 110 pessoas

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Publicado Terça, 02 de Maio de 2023 às 12:53, por: CdB

As primeiras autópsias dos corpos encontrados em valas comuns num terreno utilizado pela seita em área arborizada de Shakahola, no condado de Kilifi, sul do Quênia, confirmaram que as vítimas morreram de fome.


Por Redação, com RTP - de Shakahola


O líder de uma seita, suspeito de causar a morte de ao menos 110 pessoas no Quênia, foi novamente detido nesta terça-feira pelas autoridades e acusado de terrorismo, imediatamente depois de um tribunal ter encerrado o primeiro processo contra ele.




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Paul McKenzie será processado por terrorismo

Paul McKenzie, líder da Igreja Internacional da Boa Nova, que estava preso desde 14 de abril, compareceu a um tribunal queniano no início do dia para ouvir a acusação e pedir que o processo contra ele fosse encerrado.


O tribunal aceitou a petição e determinou a libertação, embora tenha sido imediatamente detido, juntamente com mais seis suspeitos, com vista ao novo julgamento. A decisão foi comemorada pelas famílias das vítimas e pelas organizações da sociedade civil, segundo o jornal queniano The Standard.


As primeiras autópsias dos corpos encontrados em valas comuns num terreno utilizado pela seita em área arborizada de Shakahola, no condado de Kilifi, sul do Quênia, confirmaram que as vítimas morreram de fome, embora algumas estivessem asfixiadas.


A descoberta dos primeiros corpos resultou de escavações feitas pelas autoridades, em 21 de abril, no terreno utilizado pela seita.


Até o momento, as autoridades quenianas recuperaram do local os corpos de 110 pessoas, embora os trabalhos continuem e a expectativa é de que esse número aumente.


Os principais líderes da seita conclamaram seus seguidores a jejuar até a morte, com a promessa de que se encontrariam com Jesus Cristo numa nova vida.


O presidente do Quênia, William Ruto, classificou McKenzie como "terrível criminoso", e a Cruz Vermelha do país começou a trabalhar para localizar cerca de 210 pessoas, incluindo 110 crianças desaparecidas e que tinham ligação com as atividades da seita.


As primeiras autópsias realizadas nessa segunda-feira, em 10 das 110 vítimas encontradas na floresta, revelaram mortes causadas pela fome mas também por asfixia, anunciou o chefe das operações forenses, Johansen Oduor.


No primeiro dia, os médicos examinaram nove corpos de crianças, com idade entre 1 e 10 anos, e o de uma mulher, informou Oduor.


– A maior parte deles tinha características de fome. Vimos sinais de pessoas que não comiam, não havia comida no estômago, a camada de gordura era muito fina – afirmou.


Após a audiência de hoje, Paul Mackenzie foi transferido para Mombaça, a segunda maior cidade do país, onde existe "um tribunal com poderes para tratar de casos de prevenção do terrorismo", disse a procuradora Vivian Kambaga.


O tribunal deverá deferir o pedido do Ministério Público para manter o líder da seita em prisão preventiva durante 30 dias, enquanto são feitas investigações sobre seu possível envolvimento. O crime ficou conhecido como o "massacre da floresta de Shakahola".


O caso de Mackenzie ocorreu no momento que outra situação de extremismo religioso chegou àss páginas dos jornais quenianos, o referente ao líder religioso do país, Ezekiel Odero, que admitiu no sábado que 15 pessoas morreram durante suas "intervenções espirituais" no centro religioso de Malindi.



Seguidores do Centro de Oração


Ele admitiu a morte de seguidores do Centro de Oração e da Igreja para uma Nova Vida. Seus advogados alegam que as pessoas que morreram já estavam "em estado crítico" quando chegaram ao centro.


"Quando as pessoas morrem, a polícia é informada; não houve nenhum caso de morte em que as forças de segurança não tenham sido informadas", disseram os advogados, em declarações ao jornal The Nation, citadas pela agência EFE.


A polícia, no entanto, não parece convencida com esses argumentos e liga diretamente Odero e Mackenzie por seus vínculos empresariais, incluindo a participação no capital social de uma cadeia de televisão que ambos usavam para transmitir "mensagens radicais aos seus seguidores".


A investigação sobre Odero deverá incluir acusações de homicídio, sequestro, radicalização, genocídio, crimes contra a humanidade, crueldade infantil, fraude e lavagem de dinheiro.



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