Plantador de soja passa a ser investigado por financiar ato golpista

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Publicado Quinta, 16 de Setembro de 2021 às 13:06, por: CdB

Apontado como um dos financiadores dos atos golpistas de 7 de Setembro, Galvan já foi multado por desmatar ilegalmente 500 hectares de vegetação nativa e por vender soja sem nota fiscal. Ele também responde na Justiça por plantio clandestino de grãos e por tentativa de invasão de terras de uma fazenda vizinha à sua.

Por Redação - de São Paulo
O agricultor Antonio Galvan, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), passou a ser investigado, diretamente, por suspeita de financiar atos golpistas e de afronta à democracia brasileira. A reportagem da jornalista Naira Hofmeister, da agência Repórter Brasil, especial para a coluna do jornalista Leonardo Sakamoto, nesta sexta-feira, revela o histórico conturbado do seguidor bolsonarista.
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O sojeiro Antonio Galvan, em uma selfie ao lado de Bolsonaro (E)
Apontado como um dos financiadores dos atos golpistas de 7 de Setembro, Galvan já foi multado por desmatar ilegalmente 500 hectares de vegetação nativa e por vender soja sem nota fiscal. Ele também responde na Justiça por plantio clandestino de grãos e por tentativa de invasão de terras de uma fazenda vizinha à sua.

Dinheiro público

“Galvan ganhou as manchetes dos jornais por ser investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) em razão de seu apoio aos atos, cujo caráter é considerado golpista por políticos e juristas. A Procuradoria Geral da República diz que Galvan é possivelmente um dos financiadores dos atos — o que ele nega, embora assuma sua simpatia pelas bandeiras da causa”, afirma a reportagem. Na segunda-feira, véspera das manifestações, o STF determinou o bloqueio das contas da Aprosoja Brasil e da Aprosoja do Mato Grosso, da qual Galvan foi presidente entre 2018 e 2020. A suspeita é que o sojicultor poderia estar utilizando dinheiro público repassado à entidade para apoiar o movimento. "Seriam utilizados fundos (FETHAB e IAGRO) compostos por recursos públicos que não possuem uma maior transparência nem têm sido destinado para suas finalidades originárias, mas sim, como capital para o financiamento de agentes para a realização das condutas antidemocráticas acima descritas", escreveu a Procuradoria Geral da República (PGR).

Ferrugem asiática

Em nota publicada em 19 de agosto, a Aprosoja Brasil assegurou que "não financia e tampouco incentiva a invasão do Supremo Tribunal Federal (STF) ou quaisquer atos de violência contra autoridades, pessoas, órgãos públicos ou privados em qualquer cidade do país". A confusão entre os interesses pessoais de Antonio Galvan e os da Aprosoja “não seria um fato inédito. Em 2020, o ruralista utilizou a entidade como justificativa para plantar soja fora do período previsto no calendário oficial, qualificando o cultivo clandestino como pesquisa científica. Contudo, uma dezena de entidades — incluindo a Embrapa — se opôs ao experimento porque havia um grave risco de disseminação da ferrugem asiática, a principal praga da cultura, e consequente aumento no uso de agrotóxicos nas lavouras”, acrescenta o texto. "Ficou nítido que o principal objetivo da Aprosoja não é a realização de pesquisa, mas simplesmente a produção de sementes de soja fora do calendário, o que permitirá a estes produtores não comprarem sementes de soja no mercado, garantindo economia em sua produção", concluiu a promotora de Justiça Ana Luiza Avila Peterlini de Souza. Ela moveu ação contra Antonio Galvan, seu filho Albino Galvan, a Aprosoja MT e outros 14 réus que também plantaram soja ilegalmente no Estado.

Na mira

A deputada Carla Zambelli (PSL-SP) também está na mira do STF. Ela pediu ao Ministério da Saúde que enviasse R$ 400 mil à prefeitura do Guarujá (SP) em 2020. Na véspera, o prefeito da cidade, Válter Suman (PSDB), foi preso em flagrante por suspeita de desvio de dinheiro público justamente da saúde do município. Segundo a Polícia Federal, o crime era cometido por meio de contratos com organização social que administrava unidades na cidade. O pedido ao ministério foi feito de julho do ano passado. No site da deputada, consta que a verba foi encaminhada após pedido seu. Ela alega o seguinte: — Guarujá é um local que recebe muitos turistas e, apesar desse número ter reduzido devido à pandemia, precisamos ajudar a equipar a cidade para atender às demandas da população local e daqueles que frequentam a cidade — disse Zambelli, uma das coordenadoras dos atos golpistas do 7 de Setembro.
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