Partido do presidente ainda nem existe e já enfrenta crises internas

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Publicado Segunda, 27 de Janeiro de 2020 às 12:27, por: CdB

Em parte, a decisão também se solidifica devido às crises intestinas porque passa o seu projeto de agremiação política. A proposta do ApB, que será liderado por Bolsonaro se chegar a existir, ainda está na prancheta e já se esfrangalha em brigas internas entre os interessados em comandar o diretórios estaduais.

 
Por Redação - de Brasília
  Ainda faltam seis meses para as eleições municipais e o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), guarda cada vez mais espaço para se distanciar das urnas, que não receberão os votos da legenda que busca estabelecer, a Aliança pelo Brasil (ApB). Ciente que o partido não estará de pé a tempo de concorrer às prefeituras e câmaras de vereadores, Bolsonaro tem, cada vez mais, sinalizado que não irá frequentar os palanques dos candidatos, nas principais cidades do país.
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O presidente Bolsonaro (sem partido) enfrenta dificuldades para colocar de pé o partido Aliança pelo Brasil, principalmente no Nordeste, onde tem baixa aceitação
Em parte, a decisão também se solidifica devido às crises intestinas porque passa o seu projeto de agremiação política. A proposta do ApB, que será liderado por Bolsonaro se chegar a existir, ainda está na prancheta e já se esfrangalha em brigas internas entre os interessados em comandar o diretórios estaduais. Bolsonaro tem recomendado que o comando provisório da legenda intervenha e impeça o enfrentamento entre seus simpatizantes, mas o barulho interno tem sido mais alto do que a orientação do dirigente neofascista. Vice-presidente do ApB, Luís Felipe Belmonte disse a jornalistas, nesta segunda-feira, que "o presidente tem deixado muito claro que, agora, só há uma coisa a fazer: é buscar apoio”. — Tem gente que foi para o evento de fundação do partido, tirou foto com Bolsonaro ao fundo e chegou no estado dizendo que ia ser o presidente do diretório sem nem ter falado com o presidente — relatou.

Cartório

Segundo a deputada Bia Kicis (PSL-DF), os parlamentares dissidentes do PSL acertaram entre si que são "coordenadores" em seus respectivos Estados. O deputado Bibo Nunes (RS), por exemplo, se diz coordenador gaúcho do Aliança e candidato natural à prefeitura de Porto Alegre. — Eu sou o deputado mais votado do Rio Grande do Sul, sou coordenador do Aliança, acho que sou um dos mais cotados. Eu não vejo um outro nome — imagina. Esse foi um dos motivos que afastaram Bolsonaro do PSL, no ano passado, e o motivou a criar a própria sigla. Para conseguir fundar o partido a tempo das eleições municipais, o grupo precisa conseguir 492 mil assinaturas certificadas em cartório, de pessoas que não sejam filiadas a outra legenda, e vencer a tramitação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até o início de abril. Deputados e líderes regionais que têm atuado na coleta dessas assinaturas se antecipam à cúpula e se autointitulam dirigentes nas suas bases eleitorais. As brigas já chegaram ao conhecimento do presidente. — O presidente tem deixado muito claro que agora só há uma coisa a fazer: é buscar apoio. Tem gente que foi para o evento de fundação do partido, tirou foto com Bolsonaro ao fundo e chegou no estado dizendo que ia ser o presidente do diretório sem nem ter falado com o presidente — contou o vice-presidente do Aliança, Luís Felipe Belmonte.

Embratur

Embora o presidente ainda não tenha referendado nenhuma candidatura, Bibo Nunes diz já ter candidatos definidos do Aliança para as prefeituras de Nova Hamburgo, Caxias do Sul e Livramento, caso o partido consiga o registro a tempo das eleições municipais. Já candidatos a prefeito e a vereador pelo Aliança no Nordeste, onde Bolsonaro tem sua pior avaliação, de acordo com as pesquisas, têm visitado a sede da Embratur, em Brasília, segundo o diário conservador carioca O Globo. O orçamento anual da Embratur saltou de R$ 35 milhões para R$ 480 milhões desde que Bolsonaro a transformou em agência, em novembro passado. Ainda de acordo com o jornal de ultradireita, os candidatos são recebidos pelo presidente da Embratur, Gilson Machado, e pelo diretor de marketing, Osvaldo Melo Junior. Machado trabalha para ser o presidente do novo partido.

Sudeste

Em São Paulo, a articulação de dissidentes do PSL de assumir o comando do Aliança nos estados não deve prevalecer. Lá, a tendência é que o partido não fique com nenhum dos quatro deputados: Luiz Philippe de Orleans e Bragança, Eduardo Bolsonaro, Carla Zambelli e Guiga Peixoto. Segundo aliados, o comando do partido em São Paulo deve ser entregue ao presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, que atualmente está filiado ao MDB. Já em Minas Gerais, o deputado Cabo Junio Amaral (PSL-MG), que organiza a coleta de assinaturas, espera ficar à frente do diretório: — Entre nós federais já há uma compreensão de que eu fique à frente (do diretório), entre os que estão à disposição para migrar (do PSL para o Aliança). Não vamos ter problema em relação a isso não. De qualquer forma, a palavra final será do presidente — conclui.
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