Paiva lamenta a eleição de Lula, mas afirma que democracia prevalece

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Publicado Terça, 28 de Fevereiro de 2023 às 11:43, por: CdB

A declaração de Tomás Paiva, segundo o jornal, ocorreu durante reunião com oficiais do Comando Militar do Sudeste, em dia 18 de janeiro, apenas 10 dias depois do golpe fracassado na Praça dos Três Poderes. No dia 21 ele foi indicado para assumir o Comando do Exército. 


Por Redação - de Brasília

Comandante do Exército nomeado na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o general Tomás Paiva lamentou a eleição de seu comandante-em-chefe. Em conversas com subordinados, vazadas para o diário conservador paulistano Folha de S. Paulo, Paiva disse que a eleição de Lula era "indesejada" pela maioria dos militares, mas "infelizmente" aconteceu. 

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Comandante do Exército, o general Tomás Paiva adianta que militares golpistas serão punidos


A declaração de Tomás Paiva, segundo o jornal, ocorreu durante reunião com oficiais do Comando Militar do Sudeste, em dia 18 de janeiro, apenas 10 dias depois do golpe fracassado na Praça dos Três Poderes. No dia 21 ele foi indicado para assumir o Comando do Exército.

Inicialmente, a conversa foi divulgada no podcast Roteirices. Tomás Paiva diz que os militares haviam participado do processo eleitoral sem que fossem encontradas irregularidades e que, por isso, era preciso aceitar o resultado das urnas.

— Não dá para falar com certeza que houve qualquer tipo de irregularidade (na eleição). Infelizmente, foi o resultado que, para a maioria de nós, foi indesejado, mas aconteceu. A diferença nunca foi tão pequena, mas o cara fala assim: ‘General, teve fraude’. Nós participamos de todo o processo de fiscalização, fizemos relatório, fizemos tudo. Constatou-se fraude? Não. Eu estou falando para vocês, pode acreditar. A gente constatou fraude? Não — afirmou.

Outra bolha


Ainda segundo o militar, durante o áudio vazado, ”este processo eleitoral que elegeu o atual presidente e que não elegeu o ex-presidente foi o mesmo processo eleitoral que elegeu majoritariamente um Congresso conservador”.

— Elegeu majoritariamente governadores conservadores — sublinhou Paiva.

Segundo o general, é preciso reconhecer que "nós estamos na bolha fardado, militarista, de direita e conservadora" e que "existe outra bolha, e ela não é pequena".

Ao falar sobre os atos terroristas do dia 8 de janeiro, quando militantes bolsonaristas e de extrema direita depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília, Tomás Paiva observou que “havia um entendimento do comandante em chefe das Forças Armadas, que era o presidente da República (Jair Bolsonaro), que não era para mexer (nos acampamentos), que era legítimo. Não teve nenhuma intercorrência, ninguém se manifestou (pelo término dos atos), nem a Justiça, nem o Ministério Público, não teve nada”.

Aman


Ainda nas conversas com seus pares, Paiva critica os pedidos de intervenção militar feitos por bolsonaristas.

— Imagina se a gente tivesse enveredado para uma aventura. A gente não sobreviveria como país. A moeda explodiria, a gente ia levar a um bloqueio econômico jamais visto. Aí sim, iria virar um pária e o nosso povo viveria as consequências. Teria sangue na rua. Ou vocês acham que o povo ia ficar parado? Não ia acontecer, cara — advertiu.

O comandante do Exército aproveitou, ainda, a conversa para avaliar a participação de Bolsonaro em uma efeméride anual da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em 2014, quando o então deputado aproveitou o fim da cerimônia do espadim para conversar com aspirantes e anunciar o interesse em disputar a eleição de 2018.

Sem comentário


À época, Tomás era o comandante da Aman. A conversa foi gravada e publicada nas redes sociais de Bolsonaro.

— Ele era deputado federal, certo, e ele sempre comparecia nos eventos e foi recebido, conhece a academia, foi aspirante, sabe onde os cadetes ficam concentrados antes de entrar. Eu não estava lá. Estava no Hotel de Trânsito recebendo as autoridades e ele foi ali, foi indo, foi indo, chegou nos aspirantes, falou e aquilo ali foi filmado e virou um ‘start’ da campanha dele — lembrou.

Repórteres do jornal procuraram o Exército para que alguém comentasse as declarações do general Paiva, mas não houve retorno. Outros quatro generais do Alto Comando “foram procurados para comentar a gravação, mas somente um sabia da existência o áudio”, conclui o diário.

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