Pagamento de dividendos da Petrobras ajuda na formação de caixa

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Publicado Sábado, 06 de Abril de 2024 às 15:28, por: CdB

Na reunião, os ministros se alinharam na posição de pagar os dividendos extraordinários, medida que precisa ainda passar pelo crivo do Conselho de Administração da Petrobras.


Por Redação, com ABr - do Rio de Janeiro

O pagamento dos dividendos pela Petrobras pode ajudar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a garantir um espaço fiscal adicional no Orçamento de cerca de R$ 50 bilhões de despesas até o final do governo. Esse ponto está no cálculo dos auxiliares do presidente e foi tema da reunião dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Silveira (Minas e Energia), na véspera.

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A Petrobras vendeu patrimônio para alcançar as quantias estratosféricas nos dividendos aos acionistas


Na reunião, os ministros se alinharam na posição de pagar os dividendos extraordinários, medida que precisa ainda passar pelo crivo do Conselho de Administração da Petrobras. O encontro para debater a liberação de dividendos se deu em meio a crise que envolve o atual presidente da estatal, Jean Paul Prates, cuja saída voltou a ser mencionada após entrevista à Folha do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avalia nomear Aloizio Mercadante, atualmente presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), como substituto de Jean Paul. Prates tem acumulado embates com a ala política do governo, sendo um dos mais recentes justamente por defender o que agora passou a ser aceito por seus rivais —a distribuição de dividendos. No mês passada, em reunião do conselho da estatal, ele votou pela distribuição de 50% dos dividendos extraordinários e saiu derrotado após o conselho optar por reter os recursos.

 

Investimentos


Integrante do governo a par das negociações atuais afirmou à Folha que o que está em jogo por trás do pagamento dos dividendos é garantir esses R$ 50 bilhões de investimentos para a União sem pressionar os investimentos na Petrobras.

Com o pagamento de parcela dos dividendos, o governo reforça o caixa a tempo de conseguir condições favoráveis de receita para poder usufruir do aumento de cerca de R$ 15,7 bilhões em despesas autorizado pelo novo arcabouço fiscal a partir de maio.

Se o pagamento dos R$ 43, 9 bilhões de dividendos for integral, o ministro Haddad reforça o caixa em R$ 12,59 bilhões.

 

Relatório


A regra fiscal permite o uso desse espaço em caso de alta na arrecadação, mas condiciona sua efetivação a ter um folga para o cumprimento da meta fiscal de zerar o déficit das contas públicas.

Se em maio, o relatório bimestral de avaliação de despesas e receitas do Orçamento apontar para a necessidade de um contingenciamento para o cumprimento da meta, o governo não poderá ampliar os gastos.

Pela regra fiscal, não é possível sinalizar o cumprimento da meta e, ao mesmo tempo, usar o espaço de R$ 15,7 bilhões permitido pelo arcabouço, e acabar descumprindo o objetivo fiscal.

 

Oportunidade


Como a elevação do espaço fiscal é permanente no orçamento, Lula garante mais R$ 50 bilhões para gastos em investimentos em três anos (2024 a 2026). Sobre esse valor incide a correção do IPCA e o crescimento real dos gastos.

O tema é considerado estratégico porque a regra prevista no arcabouço é específica para 2024. Se o governo não aproveitar as condições para fazer neste ano, perde a oportunidade.

Outro ponto discutido na reunião foi a chance maior de o pagamento dos dividendos destravar um eventual acordo da Petrobras para o encerramento de litígios com a Receita Federal com base nas regras da lei do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).

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