OMS alerta para transmissão da varíola dos macacos a animais

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Publicado Quinta, 18 de Agosto de 2022 às 11:11, por: CdB

Ciência registra primeiro caso de infecção de homem para cachorro. Ocorrência leva OMS a advertir sobre risco de transmissão também a roedores e mamíferos, o que poderia resultar em novas mutações perigosas do vírus.

Por Redação, com DW - de Genebra

A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou um alerta na quarta-feira para que os infectados com varíola dos macacos evitem expor animais ao vírus, após o relato do primeiro caso de transmissão de humanos para um cachorro.
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Em maio, as infecções começaram a se espalhar com rapidez pelo mundo
O caso envolvendo dois homens e um cão da raça galgo italiano, que vivem juntos na mesma residência, foi registrado em Paris, na França, e descrito na revista médica The Lancet. – Este é o primeiro registro de transmissão de humano para animal (...) e acreditamos que seja o primeiro exemplo de um canino sendo infectado – afirmou Rosamund Lewis, diretora técnica da OMS para varíola dos macacos. Segundo a diretora, especialistas já estavam cientes do risco teórico da possibilidade desse tipo de transmissão, e agências públicas de saúde já haviam lançado apelos para que infectados isolassem seus pets. Além disso, diz Lewis, o manejo adequado do lixo é fundamental para diminuir o risco de contaminação de roedores e outros animais externos. Segundo ela, é vital que as pessoas saibam como proteger seus animais de estimação, assim como manejar corretamente o lixo, "de maneira que os animais, em geral, não sejam expostos ao vírus".

Mutações

Quando os vírus conseguem "pular" a barreira das espécies, surgem preocupações de que possam passar por mutações em sentidos mais perigosos. Lewis ressaltou que, até o momento, não há registros de que isso esteja ocorrendo, mas reconheceu que "certamente, tão logo o vírus se transporte para um ambiente e uma população diferente, existe, obviamente, a possibilidade de que venha a se desenvolver e se desenvolver de maneira diferente". Para ela, a preocupação maior gira em torno dos animais externos ao ambiente doméstico. – A situação mais perigosa (...) seria aquela na qual o vírus consegue se movimentar em uma população de pequenos mamíferos com alta densidade de animais – afirmou o diretor de emergências da OMS, Michael Ryan. Segundo ele, as infecções de um animal a vários outros poderiam gerar uma rápida evolução do vírus. Ryan, entretanto, considera que não há grandes preocupações quanto aos animais domésticos. Ele minimizou a possibilidade de evolução do vírus em um único animal e disse que os pets não estão em risco.

Mais de 35 mil casos no mundo

A varíola dos macacos recebeu esse nome por ter sido inicialmente identificada em primatas utilizados em pesquisas científicas na Dinamarca, em 1958. No entanto, o vírus é encontrado em uma variedade de animais, com frequência maior nos roedores. A doença foi detectada em humanos pela primeira vez em 1970, na República Democrática do Congo, e se espalhou para outras nações na África Central e Ocidental. Em maio, as infecções começaram a se espalhar com rapidez pelo mundo. Mais de 36 mil casos da varíola dos macacos já foram confirmados em 92 países desde o início do ano, com 12 mortes registradas, segundo dados da OMS. A entidade classificou a doença como uma emergência global de saúde.
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