A estrutura existente do esporte europeu está ameaçada por interesses individuais e puro comercialismo, alertou o Comitê Olímpico Internacional (COI) nesta terça-feira, em uma referência velada à Superliga europeia.
Por Redação, com Reuters - de Londres
A estrutura existente do esporte europeu está ameaçada por interesses individuais e puro comercialismo, alertou o Comitê Olímpico Internacional (COI) nesta terça-feira, em uma referência velada à Superliga europeia.
Doze dos principais clubes da Europa lançaram a Superliga dissidente no domingo, dando início ao que deve ser uma batalha amarga pelo controle da competição e de suas receitas com a Uefa, órgão que governa o futebol europeu, e a Fifa, do futebol mundial.
– A própria existência do modelo esportivo europeu está ameaçada. Ele está sendo desafiado por uma abordagem puramente orientada para o lucro que ignora os... valores sociais dos esportes e as necessidades reais no mundo pós-coronavírus – disse o presidente do COI, Thomas Bach, durante congresso da Uefa em Montreux, Suíça.
Bach, cuja organização teve que adiar em um ano a Olimpíada de Tóquio-2020 devido à pandemia, disse que o atual modelo existente permite que os clubes esportivos operem em todos os níveis, com as receitas das competições da elite alcançando os clubes amadores.
– Esse modelo desportivo europeu está ameaçado, porque a missão social das organizações desportivas está perdendo espaço para os objetivos puramente orientados ao lucro dos fornecedores e investidores desportivos comerciais – disse Bach.
Os clubes dissidentes
Os clubes dissidentes, seis da Premier League da Inglaterra e três da Espanha e da Itália - terão vagas garantidas na nova competição, ao contrário da Liga dos Campeões, que exige que as equipes se classifiquem por meio de suas ligas nacionais.
O banco de investimentos norte-americano JP Morgan está financiando a nova liga, fornecendo um subsídio de 3,5 bilhões de euros (US$ 4,2 bilhões) aos clubes fundadores para gastar em infraestrutura e recuperação do impacto da pandemia.
O presidente da Uefa, Aleksander Ceferin, descreveu o plano da Superliga como uma "cuspida na cara" de todos os amantes do futebol e pediu que os clubes e jogadores que nela vão competir fossem banidos de todas as competições da Uefa.
– Neste ambiente polarizado, o interesse individual mesquinho e o egoísmo têm ganhado terreno sobre a solidariedade, valores compartilhados e regras comuns. Precisamos de mais solidariedade – disse Bach.
– Essa lição se aplica a todos. Também se aplica ao esporte e às organizações esportivas. Se tudo for visto de uma perspectiva de negócios... então a missão social do esporte está perdida.