Mobilização junto a Biden complica presença de Bolsonaro nos EUA

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Publicado Sexta, 13 de Janeiro de 2023 às 12:45, por: CdB

Na carta ao presidente Biden, os parlamentares pedem que o governo tome medidas para impedir que o país sirva de "refúgio" ao ex-presidente brasileiro, diante das investigações sobre os atos violentos.

Por Redação, com agências internacionais - de Brasília e Washington
A descoberta de uma minuta de decreto para o então presidente Jair Bolsonaro (PL) intervir no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em um golpe de Estado tramado desde a derrota das forças neofascistas para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nas urnas, complicou a situação diplomática do ex-mandatário, ora refugiado em Orlando, no Estado norte-americano da Flórida. O quebra-quebra promovido no último domingo por cerca de 5 mil extremistas, na Esplanada dos Ministérios, levou um grupo de 46 deputados norte-americanos, do Partido Democrata, a pedir que o presidente Joe Biden mande o visitante inconveniente de volta ao Brasil.
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O parlamentar norte-americano Joaquín Castro (Democrata) cobra Joe Biden sobre investigação a Bolsonaro
Na carta ao presidente Biden, os parlamentares pedem que o governo tome medidas para impedir que o país sirva de "refúgio" ao ex-presidente brasileiro, diante das investigações sobre os atos violentos. Conforme informou o diário norte-americano Washington Post, os democratas pedem que Biden colabore com as autoridades brasileiras nas investigações sobre a invasão e depredação dos prédios dos três Poderes por apoiadores radicais de Bolsonaro. Segundo o documento, "o ataque ilegal e violento em 8 de janeiro contra as instituições do governo brasileiro foi construído sobre meses de invenções pré e pós-eleitorais do Sr. Bolsonaro e seus aliados”.

Situação

Os democratas sugerem, ainda, que o visto de Bolsonaro seja revisado e Biden coloque o FBI, a Polícia Federal dos EUA, para investigar se os atos violentos foram planejados em território norte-americano. Uma vez confirmado, os parlamentares querem que os EUA punam os envolvidos. Informações obtidas pela mídia conservadora brasileira, com base em apurações nos Estados Unidos, Bolsonaro teria mantido contato com o então secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres, em Orlando, um dia antes do quebra-quebra na Esplanada dos Ministérios. "Segundo nosso entendimento, já que o Sr. Bolsonaro entrou nos Estados Unidos quando ainda era presidente do Brasil, ele pode ter feito isso com um visto A-1, que é reservado para indivíduos em visitas diplomáticas ou oficiais. Como ele não é mais o Presidente do Brasil e tampouco exerce atualmente o cargo de oficial brasileiro, solicitamos que reavalie sua situação no país para verificar se há base legal para sua estada e revogue qualquer visto diplomático que ele possa possuir", pediram os parlamentares democratas, no documento encaminhado à Casa Branca. Torres, ex-ministro da Justiça no governo Bolsonaro, teve um mandado de prisão emitido em seu nome pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na última terça-feira, mas ainda não se entregou às autoridades brasileiras. O ex-secretário é acusado de omissão diante do distúrbio que destruiu as sedes do Executivo, no Palácio do Planalto, do Legislativo, no Congresso e, principalmente, do Judiciário, no STF.

Conspiração

A minuta em posse da PF também prevê a suspensão do sigilo de comunicações dos membros do TSE, que seriam impedidos de frequentar as dependências do prédio. O texto complica, de vez, a situação jurídica de Bolsonaro, no Brasil, segundo análise do cientista político Paulo Niccoli Ramirez, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), em entrevista à agência brasileira de notícias Rede Brasil Atual (RBA). Para o especialista, o rascunho de decreto para que o ex-governo implementasse uma medida cujo objetivo era mudar o resultado da eleição prova que Bolsonaro conspirou por um golpe de Estado e que ele “jamais esteve comprometido com a democracia”. O que deve motivar processos contra o ex-presidente “que possam conduzi-lo à prisão”. Ramirez, ao citar que atualmente, nos Estados Unidos, o ex-mandatário é alvo da mobilização de congressistas que cobram sua extradição, sublinha que um desenlace mais rápido para a expulsão do ex-mandatário neofascista depende, agora, do andamento dos processos no Brasil.
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