Coube ao presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, em seu depoimento à comissão, denunciar a ação de Nise Yamaguchi. Ela, porém, nega a acusação e atribui ao tenente da Marinha Luciano Dias Azevedo a autoria da minuta.
Por Redação - de Brasília
Ao retomar as oitivas, nesta terça-feira, a CPI da Covid ouvirá o depoimento da médica infectologista Nise Yamaguchi, suspeita de integrar o chamado “gabinete paralelo”, um grupo de médicos, políticos e empresários que orientava o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na condução da pandemia. Yamaguchi está no centro do escândalo da cloroquina, ao tentar alterar, por decreto, a bula do medicamento, indicando-o para tratar a covid-19.
Coube ao presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, em seu depoimento à comissão, denunciar a ação de Nise Yamaguchi. Ela, porém, nega a acusação e atribui ao tenente da Marinha Luciano Dias Azevedo a autoria da minuta do decreto que pretendia alterar as recomendações para o uso da droga.
— Amanhã será o dia para começar a desvendar qual a importância, qual o papel e qual a corresponsabilidade dessas pessoas — afirmou a jornalistas o senador Rogério Carvalho (PT-SE), integrante da CPI.
Placebo
Também participariam do chamado “gabinete paralelo” o deputado federal Osmar Terra, o virologista Paulo Zanotto e o empresário Carlos Wizard. E os trabalhos do grupo seriam coordenados por Arthur Weintraub, ex-assessor especial da Presidência e irmão do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub. A CPI já reuniu documentos entregues pela Casa Civil que confirmam a realização de ao menos 24 reuniões realizadas pelo grupo.
Carvalho afirmou, ainda, à agência brasileira de notícias Rede Brasil Atual (RBA) que essas pessoas se utilizaram da “fé pública” dispensada aos médicos para induzir o “tratamento miraculoso” com medicamentos ineficazes como a cloroquina, “quando a gente sabe que não tem nenhuma ação preventiva ou curativa, nem antirretroviral”.
Segundo afirmou o senador, o medicamento foi utilizado como “placebo”, dando à população uma falsa sensação de segurança diante do novo coronavírus.