O senador sergipano questionou Yamaguchi sobre o fato de ela se apresentar à CPI “na condição de cientista”, mas não apresentar nenhum estudo científico importante que justificasse a indicação indiscriminada de cloroquina para tratar a covid-9.
Por Redação - de Brasília
Ao longo de seu depoimento à CPI da Covid, na véspera, a médica Nise Yamaguchi insistiu na defesa do “tratamento precoce” com cloroquina e hidroxicloroquina contra a covid-19. No entanto, alguns senadores demonstraram mais domínio e preparo em assuntos científicos para desmontar os argumentos da médica. Foi o caso, por exemplo, de Otto Alencar (PSD-BA) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE). O desempenho sofrível de Yamaguchi deverá significar seu retorno à CPI, na condição de convocada, e não mais convidada como ocorreu.
O senador sergipano questionou Yamaguchi sobre o fato de ela se apresentar à CPI “na condição de cientista”, mas não apresentar nenhum estudo científico importante que justificasse a indicação indiscriminada de cloroquina para tratar a covid-9. Vieira citou o pesquisador Paulo Martins Filho, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), que indicou 14 estudos “da mais alta qualidade” sobre cloroquina e hidroxicloroquina.
— Absolutamente nenhum deles recomenda o uso — disse.
O parlamentar quis então saber se a médica indicaria algum estudo de alto nível recomendando o uso do medicamento.
— Sem dúvida, senhor senador — respondeu Nise.
Dificuldades
O momento foi constrangedor. Ela folheou um maço de papeis sobre a mesa, sorriu, e disse: “é que tem muitos”.
— A senhora está com dificuldade — resumiu Vieira.
Por fim, a médica citou estudo da Henry Ford Foundation com dados dos Estados Unidos. Foi interrompida.
— A senhora está apresentando uma pilha de papel que significa muito pouco para a CPI porque não corresponde àquilo que seus colegas cientistas referendam como de alta qualidade — emendou Vieira, e lembrou à depoente que o estudo mencionado foi “descontinuado (em dezembro de 2020) porque não apresentou os resultados que a senhora está dizendo”.
Em julho de 2020, a Agência Lupa checou e mostrou ser falso que “estudo Henry Ford” teria comprovado a eficácia da hidroxicloroquina contra a covid-19.