Lula tem apoio externo para unir esquerda latino-americana

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Publicado Sexta, 30 de Junho de 2023 às 15:19, por: CdB

Um dos fundadores do grupo político, em 1990, Lula lembrou que ele surgiu com o objetivo de discutir formas de fazer com que lideranças políticas progressistas e comprometidas com o bem-estar do povo trabalhador alcançassem o poder por vias democráticas. Passados 33 anos, os ideais permanecem os mesmos.


Por Redação - de Brasília

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conta com vigoroso apoio da esquerda latino-americana em seu discurso pela união do subcontinente ao Sul mais a América Central, conforme demonstrado na realização do Foro de São Paulo, na Capital Federal. Lula recebeu o apoio, ainda, dos países que integram o grupo econômico BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

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Lula, no discurso de abertura do Foro de São Paulo, fez uma defesa enfática da democracia


Na noite passada, o estadista afirmou no âmbito da reunião do Foro, que os partidos e movimentos progressistas da América Latina e do Caribe devem se unir para construir um continente e um mundo mais igual, mais democrático e livre da desumanidade da extrema direita. O XXVI encontro do Foro de São Paulo ocorre até o próximo domingo.

Um dos fundadores do grupo político, em 1990, Lula lembrou que ele surgiu com o objetivo de discutir formas de fazer com que lideranças políticas progressistas e comprometidas com o bem-estar do povo trabalhador alcançassem o poder por vias democráticas. Passados 33 anos, os ideais permanecem os mesmos.

— Nós precisamos acabar com a desigualdade no mundo. Não é possível a gente continuar com essa desigualdade na comida, no salário, na educação, na moradia. Com a desigualdade de gênero, racial. Todo santo dia a gente vê aumentar a quantidade de pobres no planeta. Crianças morrem de fome enquanto os ricos pagam passagem de foguete para procurar o novo mundo, enquanto o mundo deles é esse — disse, com indignação.

Governança


Nessa luta por um mundo mais justo e igualitário, Lula defendeu uma reorganização da governança global, que passa por mudanças nas Nações Unidas — mais especificamente no Conselho de Segurança — e no fortalecimento de grupos que contribuem para a formação de um mundo multipolar, como os Brics, a Celac e a Unasul.

Lula acrescentou que, atualmente, outro desafio da esquerda mundial é impedir o avanço da extrema direita, que faz o neofascismo avançar por quase todo o planeta. “Além de cuidar do nosso país, nós temos que fortalecer os setores progressistas e democráticos da sociedade neste mundo. Porque a direita fascista tem crescido em muitos lugares.”

O Brasil, ressaltou, aprendeu de forma dura o que significa para a população de um país ser dominado por um governo de extrema direita neofascista.

— Quatro anos da extrema direita neste país foi uma lição para todos nós. Ou nós nos organizamos para resolver os problemas da sociedade brasileira, sobretudo a questão da inclusão social, ou a extrema direita está aí, contando mentiras, utilizando fake news, violentando qualquer parâmetro de dignidade para voltar ao poder — alertou.

Continente


O presidente defendeu ainda que os participantes do Foro de São Paulo pratiquem sempre o diálogo franco e aberto.

— Muitas vezes, o verdadeiro amigo é aquele que diz que você está errado, o melhor companheiro é aquele que chama a atenção — lembrou. Mas ressaltou que as diferenças não podem dividir os progressistas do continente a ponto de impedi-los de trabalhar juntos.

Afinal, por mais divergências que existam, o objetivo final da esquerda é o mesmo, compartilhado também pelo presidente, que finalizou explicitando qual sempre foi sua luta.

— Enquanto este coração jovem estiver pulsando, estarei lutando para que a gente conquiste a respeitabilidade e a dignidade do povo trabalhador da nossa querida América Latina — acrescentou.

Apoio no BRICS


Ainda nesta sexta-feira, durante uma conversa digital com jornalistas a partir de Moscou, o chanceler russo, Sergei Lavrov, saiu em defesa do ponto de vista de Lula ao apoiar a ampliação de cadeiras no Conselho de Segurança da ONU afirmando que a expansão deve ser ocupada por países da América Latina, Ásia e África.

— Uma tarefa igualmente importante é alinhar o estado dos principais órgãos da ONU com as realidades modernas, quero dizer, antes de tudo, a reforma do Conselho de Segurança, onde o Ocidente está representado de forma absolutamente desproporcional, de 15 membros, o chamado bilhão de ouro ocupa seis assentos, isso é desonesto, injusto. Por isso, vamos nos esforçar para ampliar a composição do Conselho de Segurança o mais rápido possível, incluindo nesta composição os países da Ásia, África e América Latina — disse o ministro.

O chanceler complementou sua declaração dizendo que "o tempo do domínio ocidental está acabando”. O discurso de Lavrov vai ao encontro das metas da chancelaria e presidência do Brasil, visto que tanto o Itamaraty quanto o presidente Lula defendem publicamente a expansão do organismo, e claro, uma cadeira para o país no colegiado.

Autoridade


Durante o G7 em maio deste ano no Japão, o presidente afirmou que "sem reforma de seu Conselho de Segurança, com a inclusão de novos membros permanentes, a ONU não vai recuperar a eficácia, autoridade política e moral para lidar com os conflitos e dilemas do século XXI", conforme noticiado.

Embora Lula tenha gasto a maior parte do tempo de seu discurso no Foro de São Paulo na defesa da democracia e da união das nações latino-americanas, as redes sociais norte-americanas se ocuparam apenas do momento em que ele fala sobre ter orgulho de ser comunista.

— Eles nos acusam de comunistas achando que nós ficamos ofendidos com isso. Nós não ficamos ofendidos. Nós ficaríamos ofendidos se nos chamassem de nazista, de neofacista, de terrorista. Mas de comunista, de socialista, nunca. Isso não nos ofende. Isso nos orgulha muitas vezes. E muitas vezes nós sabemos que merecemos esses ataques — afirmou Lula.

A ver pelas reações nas redes bolsonaristas, as falas de Lula devem continuar reverberando nas redes sociais, assim como a visita do ditador Nicolás Maduro ao Brasil, recebido como chefe de Estado.
Assista, agora, à íntegra do discurso do presidente Lula:



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