Lula acredita ser necessário “fazer mágica para ir definindo cada vez mais as prioridades, e as prioridades do nosso governo são duas: a educação e a saúde pública. Em terceiro lugar, a cultura, porque sem cultura nenhum país vai a lugar nenhum”.
Por Redação - de Brasília
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reafirmou que a educação, a saúde pública e a cultura são temas prioritários do seu governo. Em discurso nesta terça-feira, no encerramento da Conferência Nacional de Educação (Conae), Lula voltou a apoiar a ideia de que todo recurso aplicado em educação seja classificado como "investimento" em vez de "gasto", mas pediu um olhar para a "realidade" do orçamento do país.
— Nós temos que cobrar do governo que a gente elegeu sempre de olho na realidade. Quando a gente pede mais dinheiro para uma coisa, tem duas formas da gente ter: ou a receita cresce ou nós temos que tirar de uma área para colocar na outra. E todo mundo sabe que quando o cobertor não é tão grande, se você cobrir a cabeça você descobre o pé — afirmou.
Pautas
Lula acredita ser necessário “fazer mágica para ir definindo cada vez mais as prioridades, e as prioridades do nosso governo são duas: a educação e a saúde pública. Em terceiro lugar, a cultura, porque sem cultura nenhum país vai a lugar nenhum”.
O presidente ainda pediu que a classe de professores estabeleça um diálogo com parlamentares de oposição visando ajudar o governo a aprovar as pautas de interesse da classe junto ao Congresso Nacional.
— Vocês têm a responsabilidade de nos cobrar e nos ajudar a fazer as coisas que temos que fazer. Porque quando a gente manda o projeto de lei para o Congresso, não são esses deputados que estão aqui que vão resolver. Esses aqui já são voto garantido. O que precisamos é ter habilidade para conversar com aqueles que nós não gostamos e que não gostam de nós, para que a gente possa convencê-los a votar nas coisas que nós queremos — acrescentou.
Unicef
O discurso de Lula coincide com a divulgação, nesta manhã, de pesquisa do Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância (Unicef), com base nos dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2021. Segundo o estudo, mais da metade das crianças do segundo ano do Ensino Fundamental da rede pública não aprenderam a ler e escrever no Brasil.
Segundo o Unicef, os resultados indicam que 56% dessas crianças não foram alfabetizadas na faixa etária esperada e elas se somam a outros milhares de meninas e meninos no Brasil que estão na escola sem saber ler e escrever.
A situação já era preocupante antes da pandemia da covid 19, quando o país registrava quase 40% de crianças não alfabetizadas no segundo ano do ensino fundamental, e se agravou ao longo da emergência mundial.
Estratégias
A oficial de Educação do Unicef, Júlia Ribeiro, afirma que a pandemia teve um grande impacto nesses resultados com a redução dos dias letivos, dificuldade de acesso aos materiais educacionais e a falta de um profissional orientando os alunos de forma próxima.
Segundo a especialista, a alfabetização é uma etapa fundamental da trajetória escolar de crianças e adolescentes e a perda desse momento pode repercutir não só no seu desempenho acadêmico, mas em toda a sua vida.
Júlia avalia que o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada - lançado em 2023 pelo Ministério da Educação - está alinhado às principais estratégias para enfrentar o problema.
O programa - em parceria com estados e municípios - prevê medidas para assegurar que 100% das crianças brasileiras estejam alfabetizadas ao final do segundo ano do Ensino Fundamental; além da recomposição das aprendizagens das crianças do 3º, 4º e 5º ano que foram afetadas pela pandemia.