Lula confirma intenção de criar moeda própria para sul-americanos

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Publicado Terça, 30 de Maio de 2023 às 16:15, por: CdB

Ao contestar o predomínio do dólar nas transações financeiras globais, Lula sugeriu que todos os países da região adotassem uma moeda comum. Esta proposta, segundo o presidente, seria uma maneira de "aprofundar nossa identidade sul-americana também na área monetária”.


Por Redação - de Brasília

Durante seu pronunciamento na cúpula de países sul-americanos realizada nesta terça-feira, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a propor a criação de uma moeda comum para fins comerciais, entre os 12 países da América do Sul.

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O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (C) recepciona os colegas sul-americanos


Ao contestar o predomínio do dólar nas transações financeiras globais, Lula sugeriu que todos os países da região adotassem uma moeda comum. Esta proposta, segundo o presidente, seria uma maneira de "aprofundar nossa identidade sul-americana também na área monetária”; além de introduzir mecanismos de compensação mais eficientes.

Lula, porém, não propõe a substituição do real ou das moedas nacionais em uso pelas populações. A moeda comum seria usada exclusivamente para pagamentos de importações e exportações. Esta ideia surge como resposta à escassez de dólar e aos impactos causados pela política monetária de importantes parceiros comerciais, como a Argentina.

Mobilização


O presidente Lula já adiantou, ainda, o objetivo de criar uma moeda semelhante ao euro para fins de comércio exterior, algo discutido no Novo Banco de Desenvolvimento, instituição financeira criada por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Ademais, os bancos centrais do Brasil e da China iniciaram uma cooperação neste ano para facilitar o comércio e investimentos entre ambos sem a necessidade de uso do dólar.

Além da proposta da moeda comum, Lula apresentou uma série de ideias aos presidentes sul-americanos, que incluem a retomada da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), a formação de um comitê de diálogo presidencial, mobilização de bancos de desenvolvimento para o crescimento econômico e social, e a implementação de iniciativas de convergência regulatória.

Lula também destacou a importância da reintegração regional, com a retomada da Unasul e da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). Ele apontou o isolacionismo do ex-presidente Jair Bolsonaro como um fator determinante para a perda de liderança regional do Brasil.

‘Efeito curativo’


Durante uma visita ao Quênia, nesta manhã, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, citou a proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na abertura da cúpula em Brasília. Uma transição para transações entre países em moedas nacionais terá um "efeito curativo" no comércio internacional, afirmou Lavrov.

Segundo o chanceler "será trabalhado um acordo" na próxima cúpula do BRICS, que acontecerá de 22 a 24 de agosto na África do Sul, país que forma o bloco econômico junto com outras quatro nações - Brasil, Rússia, Índia e China.

— Este é um processo objetivo, ganhará impulso e acreditamos que terá um efeito curativo na economia mundial, no comércio internacional e nos laços econômicos e de investimento. O próprio presidente Lula já apresentou sua ideia de uma das prioridades ser o desenvolvimento de mecanismos de pagamento que não dependam do dólar e do euro — acrescentou.

Jantar


Durante a cúpula, estiveram presentes os presidentes da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Suriname, Uruguai e Venezuela. A presidente do Peru, Dina Boluarte, enviou um representante devido a uma crise política local que a impede de deixar o país.

Os líderes passaram a tarde em discussões informais e mais tarde participaram de um jantar organizado pelo presidente Lula e pela primeira-dama Janja da Silva.

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