O presidente questionou, mais uma vez, o papel do Conselho de Segurança da ONU na resolução do conflito, que já deixou mais de 11,3 mil mortos, sendo cerca de 5 mil crianças.
Por Redação - de Brasília
Durante o programa semanal transmitido pela internet ‘Conversa com o Presidente’, nesta terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ampliou suas críticas ao governo do premiê israelense Benjamin Netanyahu e chamou de “genocídio” o que ocorre na Faixa de Gaza. Lula, no entanto, foi mais adiante em seu pronunciamento e disse que o objetivo de Israel parece ser o de “ocupar a Faixa de Gaza e expulsar os palestinos de lá”.
O presidente questionou, mais uma vez, o papel do Conselho de Segurança da ONU na resolução do conflito, que já deixou mais de 11,3 mil mortos, sendo cerca de 5 mil crianças.
— É preciso que a gente tome outra atitude, que a ONU convoque alguma coisa especial, porque esta guerra do jeito que vai não tem fim. Estou percebendo que Israel parece querer ocupar a Faixa de Gaza e expulsar os palestinos de lá. Isso não é justo, não é correto. Temos que garantir a criação de um Estado palestino para que eles possam viver em paz junto com o povo judeu. Nós, do Brasil, sempre defendemos a criação de dois Estados: um Estado judeu e outro palestino — afirmou o presidente.
Lula também condenou a matança de bebês, mulheres e crianças, em bombardeios israelenses.
— Por isso que disse que atitude de Israel com relação às crianças e mulheres é uma atitude igual ao terrorismo. Não tem como dizer outra coisa. Se sei que está tá cheio de criança naquele lugar, pode ter um monstro lá dentro, não posso matar as crianças para matar o monstro. tenho que matar o monstro sem matar as crianças. É simples assim — acrescentou.
Missão
O presidente Lula também voltou a criticar o veto dos EUA (único a vetar a resolução do Brasil no Conselho de Segurança da ONU).
— É incompreensível, não é admissível. Por isso brigamos para mudar a ONU. A ONU de 1945 não vale mais nada em 2023. Por isso que a gente quer mudar a quantidade de pessoas e o funcionamento e acabar com o direito de veto — pontuou.
Lula relembrou, ainda, a chegada dos 32 brasileiros e seus familiares palestinos que estavam em Gaza há 37 dias e que desembarcaram no Brasil, na noite passada. Segundo Lula, a missão diplomática do Brasil em Gaza ainda não está completa.
— Coisas como esta fazem com que a gente fique muito sensível. Agora temos a responsabilidade de ficar procurando mais brasileiros que estão lá ou tentar ver se agente consegue liberar parentes de brasileiros que estão lá, que querem sair. É o mínimo que podemos fazer. É ser humano no momento que os humanos precisam de humanismo. O Brasil vai continuar brigando pela paz, não é possível, é inadmissível que a gente não tenha uma solução para isso — observou.
Barbárie
A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann, também elogiou pelas redes sociais a decisão do governo brasileiro de receber os 32 repatriados da Faixa de Gaza.
“Ao receber os brasileiros resgatados da Faixa de Gaza, o presidente Lula foi muito claro ao repudiar tanto os ataques do Hamas à população civil de Israel quanto a retaliação do governo israelense à população civil palestina. Não estamos diante de uma disputa retórica sobre os conceitos de terrorismo ou genocídio. Estamos diante de uma tragédia que abate famílias inteiras, principalmente crianças. Nada justifica a barbárie. Nada’, escreveu Hoffmann, em uma rede social.
“Esta foi a mensagem do presidente Lula, que tanto se empenhou para resgatar brasileiros e brasileiras na região de conflito, ao mesmo tempo em que orientou nossa diplomacia a construir uma saída negociada, que só não se viabilizou ainda pelo veto dos EUA no falido Conselho de Segurança da ONU. Neste episódio trágico para a humanidade, @LulaOficial mostrou mais uma vez sua grandeza. Parabéns, presidente!”, concluiu.