Jornal Grifo completa três anos de humor e resistência política

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Publicado Sexta, 24 de Novembro de 2023 às 20:05, por: CdB

Fruto de um mutirão de cartunistas, jornalistas, escritores e intelectuais, de início apenas do Sul mas, em seguida, de todo o país, a empreitada está completando três anos.


Por Redação, com BdF - de Porto Alegre

Fazer jornal no Brasil dos últimos quatro anos nunca foi fácil. E fazer humor em jornal mais difícil ainda. Pior ainda nascer e sobreviver fazendo as duas coisas sob o mandato Bolsonaro. Mas foi o que aconteceu com o Grifo.

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O jornalista Celso Schröder edita O Grifo


— Não conheço nenhuma outra publicação similar no país neste momento. Aliás, depois do Pasquim, foram raras as publicações que combinaram jornalismo e humor — disse ao site de notícias Brasil de Fato (BdF), nesta sexta-feira, o cartunista Celso Schröder, um dos pais fundadores da publicação mensal.

Fruto de um mutirão de cartunistas, jornalistas, escritores e intelectuais, de início apenas do Sul mas, em seguida, de todo o país, a empreitada está completando três anos.

 

Necropolítica


Com a média de 24 páginas mensais, tocada sem remuneração de espécie alguma – exceto aquele prazer de chutar o traseiro dos poderosos – o jornal virtual é obra de 30 colaboradores que vão se revezando a cada edição. E, agora, acalenta o sonho da versão impressa.

Schröder relata que o projeto tinha em vista enfrentar a necropolítica de Bolsonaro e propiciar um mínimo de sanidade aos seus autores e aos seus leitores para poderem atravessar ilesos as vastas pradarias da Terra Plana.

— O Grifo surgiu para enfrentar os vírus e os vermes, expressão do Haddad.  É um neto do Pasquim, mas filhote direto da censura na exibição de cartuns na Câmara de Vereadores de 2019 e do suplemento de humor do Brasil de Fato RS. Ele nasce para enfrentar Bolsonaro e sua necropolítica. Dentro de seus limites, grandes, ele serviu para afiar as garras contra o fascismo. Fizemos um razoável registro do período e exercitamos uma análise que deve ter servido ajudar pavimentar o caminho da reação democrática. Acho que fazemos parte dos vencedores da democracia. A função do Grifo foi manter razoavelmente sadios seus produtores e, espero, seus leitores — disse Schöder.

 

Peculiar


No decorrer dos seus três anos, lembra o cartunista, “o Grifo obteve uma adesão bastante expressiva não só do pessoal do cartum e do texto do Sul mas de todo o país”.

— E o mensário, como se sabe, não tem condições de remunerar seus colaboradores. E nem possui anunciantes. Isto aconteceu devido à rarefação do espaço dedicado ao humor na imprensa de modo geral? A continuidade da produção do jornal é um grande feito e principal mérito deste peculiar ajuntamento de cartunistas, jornalistas, escritores e intelectuais que doaram uma parte de seu tempo, num momento econômico dificílimo do país, na tradição dos jornais satíricos, organizar uma reação baseada no binômio humor/jornalismo. Parte desta gente vinha da luta pela redemocratização dos anos setenta e oitenta, parte era mais jovem — acrescentou.

Schöder lembra que a adesão foi imediata e a sintonia foi intensa, “o que facilitou o trabalho que foi intenso, em alguns momentos”.

Edição digital

 

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