Publicado Domingo, 30 de Agosto de 2020 às 12:20, por: CdB
Inicialmente, as autoridades italianas falaram em quatro mortes e dois desaparecidos na tragédia, mas, cerca de três horas depois, a Prefeitura da Província de Crotone confirmou três vítimas - dois homens e uma mulher - no incêndio.
Por Redação - de Crotone, Itália, e Roma
Ao menos três pessoas morreram e outra está desaparecida após o incêndio em um barco de imigrantes que tentava chegar à Itália. A embarcação carregava 21 deslocados internacionais e se incendiou durante uma operação de transferência para unidades navais da Capitania dos Portos na costa de Crotone, na região da Calábria, extremo-sul do país.
A fumaça do incêndio no barco de imigrantes pode ser vista da praia, em Crotone, na Cicília
Inicialmente, as autoridades italianas falaram em quatro mortes e dois desaparecidos na tragédia, mas, cerca de três horas depois, a Prefeitura da Província de Crotone confirmou três vítimas - dois homens e uma mulher - no incêndio.
Crise humanitária
Cinco migrantes ficaram feridos, sendo que dois foram levados para o Hospital de Catanzaro com graves queimaduras. Dois agentes da Guarda de Finanças também se feriram na explosão ocorrida após o início do incêndio. Um deles teve fratura na perna, enquanto o outro sofreu queimaduras.
Desde o início de 2020, a Itália já recebeu 17.985 deslocados internacionais via Mediterrâneo, segundo o governo. Isso representa um crescimento de 270% em relação ao mesmo período do ano passado. Mais da metade é proveniente de dois países: Tunísia (7.581), no norte da África, e Bangladesh (2.803), na Ásia.
Ainda assim, os números estão longe do auge da crise humanitária no Mediterrâneo Central. Em 2016, pico da emergência migratória, a Itália acolheu 181,4 mil deslocados internacionais resgatados no mar.
Protestos
O drama das milhares de pessoas que tentam chegar à Europa, no entanto, não comoveu o pequeno grupo de manifestantes da ultradireita que protestava contra a chegada de um grupo de 370 imigrantes e refugiados resgatados no Mediterrâneo, que desembarcou na madrugada deste domingo na ilha italiana de Lampedusa.
O grupo inclui 33 menores de idade e 13 mulheres e estava em um barco de propriedade do artista inglês Banksy, superlotado e socorrido a cerca de 4 milhas náuticas da ilha por embarcações da Guarda Costeira e da Guarda de Finanças.
Cerca de 10 habitantes de Lampedusa, liderados pela senadora Angela Maraventano, do partido de extrema direita Lega Norte, protestaram contra a chegada dos deslocados internacionais, exibindo uma faixa com a frase: "Chega de migrantes".
— Estamos cansados, eles devem ser repatriados imediatamente. Impediremos com todas as nossas forças que eles passem — declarou a neofascista Maraventano, que não conseguiu impedir o desembarque.
Lampedusa
Como o centro de acolhimento da ilha já abriga 1.160 pessoas, cerca de 10 vezes sua capacidade, os migrantes foram levados para um abrigo gerido pela Igreja Católica.
— O Estado não existe em Lampedusa. Estamos diante de uma situação impossível de se administrar — disse o prefeito Totò Martello, ameaçando realizar uma greve na ilha se o governo não ajudar.
O governador da Sicília, Nello Musumeci, de extrema direita, chegou a anunciar o fechamento de todos os centros de acolhimento da região, mas, como não tinha competência para isso, a Justiça anulou sua decisão.
— Alguém pode lembrar a Conte (primeiro-ministro da Itália) que Lampedusa é italiana? — ironizou.
Deslocados
Lampedusa, que integra a região da Sicília, é a principal porta de entrada para migrantes forçados e refugiados no país, já que fica mais perto do norte da África do que da Península Itálica. Desde o início do ano, a Itália já recebeu 17.985 deslocados internacionais via Mediterrâneo, segundo o governo.
Isso representa um crescimento de 270% em relação ao mesmo período do ano passado. Mais da metade é proveniente de dois países: Tunísia (7.581), no norte da África, e Bangladesh (2.803), na Ásia.
Ainda assim, os números estão longe do auge da crise humanitária no Mediterrâneo Central. Em 2016, pico da emergência migratória, a Itália acolheu 181,4 mil deslocados internacionais resgatados no mar.