Governadores entram na alça de mira do presidente, que sugere a prisão de Witzel

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Publicado Quarta, 03 de Junho de 2020 às 14:36, por: CdB

Bolsonaro disse prestará depoimento à Polícia Federal (PF), presencialmente se for o caso, no âmbito do inquérito que apura se ele interveio em inquéritos, com o objetivo de proteger os amigos e familiares envolvidos em crimes ligados à milícia armada que domina vastos territórios, no Estado do Rio de Janeiro.

Por Redação - de Brasília

O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), reforçou o ataque aos governadores nesta quarta-feira, em meio às críticas sobre a forma como se comporta diante das crises econômica, política e de saúde. Em conversa com seus seguidores, em um número cada vez menor, à saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro retomou a iniciativa de desmembrar o Ministério da Segurança Pública do Ministério da Justiça.

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Governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel está cada vez mais perto de uma solução de continuidade para o seu mandato

Embora não tenha citado nomes, deixou antever a indicação para o cargo do ex-deputado e seu amigo desde 1982, Alberto Fraga (DEM-DF).

— Não vou dizer que seja ele nem que não seja. Sou amigo do Fraga desde 1982. Ele está livre de todos os problemas que teve aí [processos judiciais], é um grande articulador. Ele é cotado aí, mas nada de bater o martelo não — declarou.

Ainda na conversa, Bolsonaro disse prestará depoimento à Polícia Federal (PF), presencialmente se for o caso, no âmbito do inquérito que apura se ele interveio em inquéritos, com o objetivo de proteger os amigos e familiares envolvidos em crimes ligados à milícia armada que domina vastos territórios, no Estado do Rio de Janeiro.

Novo enigma

Em tom enigmático, Bolsonaro disse aos seus asseclas que, em breve, ”coisas acontecerão”.

— Coisas acontecerão ao longo do caminho. Pode ter certeza. Mas não é nada contra a minha pessoa, muito pelo contrário — acrescentou.

Perguntado por jornalistas sobre o que quis dizer com isso, o mandatário neofascista deixou no ar o mistério.

— Outras coisas. A Polícia Federal está trabalhando, senti que estão mais felizes — disse o presidente.

Ato seguinte, Bolsonaro ouviu um apoiador, no cercadinho ao lado dos repórteres, identificado como policial militar do Rio de Janeiro, reclamar do governador do Estado, Wilson Witzel (PSC). Foi a deixa para ele sinalizar que seu adversário político poderá ser preso nos próximos dias.

— Não vou conversar com o Witzel. Até porque brevemente já sabe onde ele deve estar, né? — deixando a indicação de que estaria na cadeia.

Devassa

Witzel, enfraquecido politicamente na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), foi alvo da Operação Placebo da PF, na semana passada, dia seguinte à nomeação do atual superintendente, Tácio Muzzi. A representação da PF no Estado está no centro de uma investigação, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que apura se o presidente tentou interferir, politicamente, naquelas investigações.

Na operação policial, agentes federais fizeram buscas no Palácio das Laranjeiras, residência oficial do governador fluminense. Witzel teve seu aparelho de celular e o computador apreendidos. O inquérito apura um suposto esquema de desvios de recursos públicos destinados à compra de respiradores, na luta contra o novo coronavírus.

O inquérito no STJ foi aberto no último dia 13, com base em informações de autoridades de investigação do estado do Rio. Os investigadores também buscaram provas contra Witzel no Palácio Guanabara, em sua antiga casa, usada antes de se eleger, e em um escritório da mulher dele.

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