GDias teria recebido informe da Abin minutos antes do quebra-quebra

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Publicado Sexta, 28 de Abril de 2023 às 15:46, por: CdB

"Iniciado o deslocamento para a Esplanada. Há discursos inflamados com pessoas pintando o rosto como se fossem para um combate. Há entre manifestantes relatos de que as forças de segurança policiais e militares não irão confrontá-los", afirmou o alerta da Abin.


Por Redação - de Brasília

O agora ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias, o general GDias como é conhecido, teria recebido um informe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) minutos antes da invasão e posterior quebra-quebra às sedes dos Três Poderes, no 8 de Janeiro. A Abin alega ter alertado o GDias sobre a presença de vândalos entre os bolsonaristas e que as "forças de segurança policiais e militares" não estariam prontas a confrontá-los.

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Na gravação, divulgada no canal norte-americano de TV CNN, o general GDias aparece circulando pelo Palácio do Planalto, em meio à invasão


Ainda no alerta, expedido às 13h40 daquele dia, a Abin dizia que, enquanto marchavam em direção à Esplanada dos Ministérios, manifestantes pintavam o rosto como se estivessem indo para "um combate”.

"Iniciado o deslocamento para a Esplanada. Há discursos inflamados com pessoas pintando o rosto como se fossem para um combate. Há entre manifestantes relatos de que as forças de segurança policiais e militares não irão confrontá-los", afirmou o alerta da Abin.

Mensagens


Os dados constam de documento sigiloso, enviado à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI) do Congresso, em dia 20 de janeiro. O relatório, ao qual o diário conservador paulistano Folha de S. Paulo (FSP) teve acesso e divulgou, nesta sexta-feira, “é um compilado de mensagens distribuídas pelo WhatsApp entre os dias 2 e 8 de janeiro. Segundo o documento, os destinatários eram 13 órgãos ligados ao Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) e o então ministro do GSI”.

Questionado, em juízo, o general GDias negou ter recebido estes alertas. Em depoimento à Polícia Federal (PF), o militar disse que tomou conhecimento de mensagens da Abin apenas quando reuniu as informações para responder aos questionamentos da CCAI, vários dias depois.

O Ministério da Justiça, em nota, também disse não ter sido notificado dos informes. "Nenhum dos dirigentes da nova gestão do Ministério foi convidado a adentrar grupo de WhatsApp gerenciado pela Abin para receber relatórios sobre golpistas e criminosos que atuaram no dia 8 de janeiro", alega.

Relatório


A Abin teria disparado três avisos exclusivos ao ex-ministro GDias, conforme o relatório, todos na tarde do dia 8. No primeiro, às 12h05, a agência diz que o deslocamento dos manifestantes entre o Quartel-General do Exército e a Esplanada dos Ministérios estava previsto para às 13h e que, apesar do "ânimo pacífico", havia relatos de pessoas que se diziam armadas.

No segundo, às 13h, a Abin informou ter identificado "discurso radical de vândalo com perfil já conhecido com ânimo exaltado”. E na última mensagem enviada somente ao ex-ministro, a Agência alertou para a possibilidade das forças de segurança serem coniventes com os bolsonaristas.

Naquele dia 8, a Polícia Militar do Distrito Federal escoltou os vândalos num trajeto de quase 8 km, do Quartel-General do Exército à Esplanada dos Ministérios. A caminhada começou por volta das 13h. O Congresso foi o primeiro a ser invadido, por volta de 14h50. E pouco depois, os terroristas iniciaram a depredação do Palácio do Planalto para, às 15h45, vandalizar o Supremo Tribunal Federal (STF).

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