Filósofo vê esquerda morta e crescimento consistente da ultradireita

Arquivado em:
Publicado Sábado, 24 de Fevereiro de 2024 às 18:10, por: CdB

Para o escritor, a esquerda teria perdido a ambição de transformar a estrutura da sociedade nos dois pontos fundamentais desse espectro político: igualdade e soberania popular.


Por Redação - de São Paulo

Professor de filosofia da Universidade de São Paulo (USP) e personagem de destaque no arco das esquerdas, no país, o escritor Vladimir Pinheiro-Safatle disse, em entrevista à mídia conservadora, neste sábado, que esquerda brasileira, como organização política, “morreu” ao se tornar uma "constelação de progressismos”.

vladimir-safatle.jpg
Vladimir Pinheiro-Safatle é professor de Filosofia, na USP


Para o escritor, a esquerda teria perdido a ambição de transformar a estrutura da sociedade nos dois pontos fundamentais desse espectro político: igualdade e soberania popular.

— A vitória de Lula foi só um respiro, enquanto a extrema direita continua forte, e mascara a dificuldade de propor soluções para os desafios atuais. A extrema direita é hoje a única força política real do país, porque é a força que tem capacidade de ruptura, tem estrutura e coesão ideológica — afirmou o professor, que acaba de lançar o livro, ‘Alfabeto das Colisões’ (editora Ubu).

 

Democracia


Para Safatle, “a esquerda brasileira morreu como esquerda". O que existe agora, na visão dele, é uma "constelação de progressismos, mas sem aquilo que constituía o campo fundamental da esquerda, que são as ideias de igualdade radical e de soberania popular".

De acordo com essa análise, o que se perdeu na construção das pautas progressistas foi a ambição por uma transformação estrutural da sociedade, que pressupunha um tipo de igualdade dentro dos processos de produção e alguma forma de democracia direta.

— Hoje não se coloca nada parecido com isso — acrescenta.

 

Horizonte


Foi esse diagnóstico que o levou a disputar uma vaga de deputado federal em 2022, pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Com 17.644 votos, terminou como suplente.

— Entendi que a gente estava num momento histórico que nem era mais de retração de expectativas. Era pior: era um horizonte de retração de enunciação. A gente não conseguia nem enunciar. Quantas vezes você ouviu, nos últimos dez anos, a ideia de autogestão da classe trabalhadora? — questiona.

Embora o quadro não tenha mudado desse ponto de vista, o professor de filosofia não pretende se candidatar na eleição municipal deste ano. Considera que, em 2022, havia um desafio maior em curso, que era a luta contra o bolsonarismo.

Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo