Ex-secretário denuncia Eduardo Paes por corrupção, mas prefeito nega

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Publicado Quinta, 17 de Março de 2022 às 11:51, por: CdB

O documento traz um resumo de cada investigação aberta pela PF. Em outro capítulo da delação, Pinto acusa o prefeito de cobrar propinas de contratos de R$ 220 milhões para a construção de escolas. Os valores, de acordo com ele, também seriam para a campanha eleitoral.

Por Redação - do Rio de Janeiro
Ex-secretário municipal de Obras do município do Rio de Janeiro, o hoje presidiário Alexandre Pinto relatou pagamentos de mais de R$ 8 milhões em propinas ao prefeito Eduardo Paes (PSD). Condenado a 76 anos de prisão, Pinto firmou um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República, homologado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em razão da citação a nomes de conselheiros de Contas.
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Eduardo Paes foi prefeito do Rio, por dois mandatos
Com base em seu relato, a Polícia Federal abriu 20 frentes de investigação sobre desvios e pagamentos de propina em obras no município. Alexandre Pinto trabalhou na prefeitura do Rio entre 2011 e 2014. À época, Paes era chefe do Executivo municipal pelo MDB e aliado do então governador Sérgio Cabral, do mesmo partido. Em ao menos três episódios, o ex-secretário disse que Paes cobrou propinas de obras do município. Afirmou, ainda, que o prefeito direcionou licitações a empresas – parte delas, envolvida na Operação Lava Jato.

Campanha

Segundo o delator, Paes pediu R$ 5 milhões para sua campanha ao governo do Estado, em 2014, valor que, segundo ele, viria do contrato de R$ 39,7 milhões para a dragagem do Rio Acari. A empresa envolvida não é mencionada no documento obtido pelo diário conservador paulistano O Estado de S. Paulo e confirmado pela reportagem do Correio do Brasil. O documento traz um resumo de cada investigação aberta pela PF. Em outro capítulo da delação, Pinto acusa o prefeito de cobrar propinas de contratos de R$ 220 milhões para a construção de escolas. Os valores, de acordo com ele, também seriam para a campanha eleitoral e somaram R$ 3 milhões. O advogado Ricardo Pieri, que defende Eduardo Paes, afirmou que o prefeito “jamais participou de qualquer esquema de corrupção” e acusou o delator de mentir. “O sr. Alexandre Pinto apresenta nova leva de mentiras como delinquente confesso, condenado como chefe de organização criminosa, da qual, segundo apurado após ampla investigação, Eduardo Paes jamais fez parte”, afirmou.

Corrupção

Alexandre Pinto já estava condenado a 23 anos de prisão em regime fechado pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas em um processo da Operação Mãos à Obra, desdobramento da Operação Lava Jato, no Estado do Rio. Esta é a quarta condenação de Alexandre Pinto, no âmbito da Lava Jato, pelo juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio. Pinto foi condenado, ainda neste processo, por irregularidades nas obras de construção do BRT Transcarioca, corredor exclusivo de ônibus articulados, no trecho que liga a Penha, na zona norte da cidade, à Barra da Tijuca, na Zona Oeste. De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal, Alexandre Pinto, na condição de secretário de Obras da Prefeitura do Rio, recebeu US$ 1,040 milhão em propina de executivos da Andrade Gutierrez para favorecer a empreiteira na obra.

Propina

Denunciado como operador financeiro de Alexandre Pinto, Celso Reinaldo Ramos Júnior foi condenado a 24 anos de prisão. Ele fechou acordo de delação premiada com o MPF, e por isso a pena foi substituída nos termos do acordo de colaboração. Segundo a denúncia do MPF, uma empresa de Ramos Júnior celebrou um contrato fictício de prestação de serviços com a Andrade Gutierrez, com o objetivo de dar uma aparência legal à propina destinada a Alexandre Pinto. Ainda de acordo com o MPF, a propina, depois, foi enviada para a conta de uma offshore em Mônaco, com a ajuda do doleiro Juan Luis Bertrán. Bertrán foi condenado no processo a 21 anos e 1 mês de prisão em regime fechado.
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