"Nós iríamos privatizar a Petrobras se o presidente Bolsonaro ganhasse a eleição. Embora muita gente não acreditasse que isso fosse possível, a privatização da Petrobras estava sendo preparada", afirmou Sachsida.
Por Redação, com OESP - de São Paulo
Advogado e economista, o ex-ministro Adolfo Sachsida foi um dos poucos integrantes da equipe do então ministro Paulo Guedes que permaneceu no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) do começo ao fim. Em entrevista ao diário conservador paulistano O Estado de S. Paulo (OESP), nesta quinta-feira, a primeira desde que deixou o governo, Sachsida diz que, se o ex-presidente Jair Bolsonaro tivesse conseguido se reeleger, a Petrobras seria privatizada.
— O atual governo tem uma visão de mundo muito diferente da nossa. Quando fui ministro de Minas e Energia, sempre procurei colocar um norte muito claro para cada uma das áreas que estavam sob minha direção. Nos setores de petróleo e gás, o meu norte era gerar competição. Vou até dar uma nova informação aqui: nós iríamos privatizar a Petrobras se o presidente Bolsonaro ganhasse a eleição. Embora muita gente não acreditasse que isso fosse possível, a privatização da Petrobras estava sendo preparada pelo governo. Nós iríamos trazer, no espaço de um ano e meio, muita competição aos setores de petróleo e gás no Brasil.
Cálculos
De acordo com Sachsida, “havia várias propostas de como privatizar a Petrobras na mesa”.
— Mas nós estávamos estudando uma maneira de fazer a privatização gerando competição nos setores de petróleo e gás. A gente não iria trocar um monopólio estatal por um monopólio privado. Isso iria facilitar e melhorar muito a vida dos brasileiros. No caso da Pré-Sal Petróleo S/A (PPSA), o processo já estava mais adiantado. Nós chegamos a enviar ao Congresso um projeto de lei para vender os recebíveis de 30 anos da PPSA, que era uma maneira de privatizar a empresa. Na época, pelos nossos cálculos, isso renderia cerca de R$ 390 bilhões, mas, como o preço do petróleo caiu um pouco de lá pra cá, hoje esse valor ficaria em torno de R$ 300 bilhões — acrescentou.
Rentabilidade
O executivo falou, ainda, sobre a mudança na política de preços da estatal.
— Dada a minha preferência por ideias pró-mercado, eu discordo dessa política, que desconsidera os preços praticados lá fora para balizar os preços dos combustíveis aqui. Acredito que ela vai levar a um aumento excessivo no endividamento da Petrobras, que foi bem reduzido desde 2019, e a outros problemas que nós já vimos no passado. Vai afetar a rentabilidade e reduzir os dividendos, cuja maior fatia vai para o governo, como principal acionista da companhia — concluiu o ex-ministro.