Empresário de mídia pró-democracia em Hong Kong é condenado

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Publicado Domingo, 11 de Dezembro de 2022 às 08:28, por: CdB

Jimmy Lai era dono do Apple Daily, um dos jornais mais lidos do território antes de ser fechado por repressão de Pequim, e já estava preso por participação em protestos. Juiz o condenou por fraude em contrato.

Por Redação, com DW - de Hong Kong

O empresário pró-democracia de Hong Kong Jimmy Lai foi condenado no sábado a cinco anos e nove meses de prisão por violar o contrato de aluguel da sede de um jornal liberal que ele dirigia.

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Jimmy Lai era dono do Apple Daily, um dos jornais mais lidos do território

Ele foi considerado culpado de duas acusações de fraude por encobrir as operações de uma empresa privada, a Dico Consultants Ltd, na sede do agora fechado jornal Apple Daily, no que foi considerado uma violação de seu contrato de aluguel.

Lai tem 75 anos e é um dos mais proeminentes críticos do regime chinês em Hong Kong, e está preso desde dezembro de 2020 por participar de reuniões públicas não autorizadas.

Hong Kong é uma região semiautônoma da China, que permaneceu sob domínio britânico por 156 anos e foi devolvida pelo Reino Unido em 1997. No acordo para a restituição do território, Pequim prometeu que ele manteria ampla autonomia, direitos individuais e independência judicial por pelo menos 50 anos, até 2047.

No entanto, desde que Pequim impôs uma lei de segurança nacional a Hong Kong, em 2020, após os intensos protestos pró-democracia registrados no ano anterior, a oposição foi praticamente anulada e a maioria das principais figuras que defendiam a democracia fugiram do país, perderam cargos ou foram presas.

Fraude em contrato de aluguel

Lai era chefa da Next Digital, um dos maiores grupos de mídia de Hong Kong e que controlava o Apple Daily, jornal crítico de Pequim e um dos mais lidos do território. O jornal foi fechado em junho de 2021 após ter seus fundos congelados e diversos de seus diretores acusados por violações à Lei de Segurança Nacional.

Outro executivo da Next Digital, Wong Wai-keung, 61 anos, foi considerado culpado de fraude e condenado à prisão por 21 meses.

O juiz Stanley Chan escreveu na sentença que Lai tinha "agido sob o guarda-chuva protetor de uma organização de mídia", e que a denúncia contra ele "não era equivalente a um ataque à liberdade de imprensa".

Os promotores alegaram que, segundo as condições do contrato de aluguel da sede do jornal em um terreno do governo, a propriedade só poderia ser usada para "publicação e impressão" sem a aprovação prévia do operador.

A condenação também impede que Lai dirija qualquer empresa por oito anos e pague uma multa de US$ 2 milhões de Hong Kong (R$ 1,4 milhão).

Críticas à condenação

Governos de países do Ocidente, incluindo os Estados Unidos, expressaram preocupação com a situação de Lai e denunciaram a deterioração ampla da proteção dos direitos humanos e das liberdades fundamentais sob a Lei de Segurança Nacional imposta pela China.

– Os Estados Unidos condenam o resultado extremamente injusto da sentença do último julgamento de Jimmy Lai – disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, em um comunicado.

– Por qualquer medida objetiva, este resultado não é equilibrado nem justo. Mais uma vez, pedimos às autoridades da China que respeitem a liberdade de expressão, inclusive para a imprensa, em Hong Kong – acrescentou.

Maya Wang, diretora para a Ásia da Human Rights Watch, disse: "O processo criminal de Pequim contra Jimmy Lai é uma vingança contra um importante defensor da democracia e da liberdade de imprensa em Hong Kong."

O julgamento de outro processo envolvendo Lai, que o acusa de violar a Lei de Segurança Nacional e pode condená-lo até à prisão perpétua, deve ser retomado na próxima terça-feira.

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