Em meio à pior fuga de capitais em duas décadas, Guedes culpa coronavírus

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Publicado Sábado, 29 de Fevereiro de 2020 às 12:22, por: CdB

No mesmo dia em que a nota do país foi rebaixada, a Bolsa de Valores registrou a maior fuga de capital estrangeiro desde o início da contabilização dos dados, em 1994. Os investidores estrangeiros retiraram R$ 3,068 bilhões da bolsa no retorno do feriado de Carnaval, em meio à conflagração política, no país, e ao pânico generalizado com a rápida disseminação do novo coronavírus.

Por Redação - de Brasília e São Paulo
Pela segunda vez no ano, bancos dos EUA reduziram as projeções de crescimento do PIB brasileiro, acreditando em um impacto negativo do coronavírus no país. De acordo com relatórios apresentados na última quinta-feira, o Bank of America Merrill Lynch diminuiu a previsão de crescimento do Brasil de 2,2% para 1,9%, enquanto o JP Morgan cortou de 1,9% para 1,8%.
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Operador da Bovespa rói as unhas, em dia tenso no mercado acionário brasileiro
No mesmo dia em que a nota do país foi rebaixada, a Bolsa de Valores registrou a maior fuga de capital estrangeiro desde o início da contabilização dos dados, em 1994. Os investidores estrangeiros retiraram R$ 3,068 bilhões da bolsa no retorno do feriado de Carnaval, em meio à conflagração política, no país, e ao pânico generalizado com a rápida disseminação do novo coronavírus fora da China. Naquele pregão, o Ibovespa fechou em forte queda de 7%, aos 105.718,29 pontos, com giro financeiro de R$ 33,2 bilhões. Ao longo deste mês, o saldo acumulado de recursos estrangeiros na Bolsa está negativo em R$ 15,750 bilhões, resultado de compras de R$ 190,150 bilhões e vendas de R$ 205,900 bilhões.

Impacto

Em 2020, os investidores internacionais já extraíram R$ 34,908 bilhões do mercado acionário brasileiro. O montante é equivalente ao saldo negativo registrado entre 2 de janeiro e 13 de novembro de 2019. No fechado do ano, a saída de capital estrangeiro da bolsa totalizou R$ 44,5 bilhões. — O surto de coronavírus deve impactar negativamente as exportações. Dado o maior impacto esperado do vírus e os contínuos indicadores de atividade econômica sem sinal uniforme no Brasil, reduzimos nossa previsão em outros 30 pb )pontos base) — afirmaram os economistas do Bank of America Merrill Lynch, David Beker e Ana Madeira, citados pela agência inglesa de notícias Reuters. O economista e consultor do BID, da ONU e do Banco Mundial, Roberto Macedo, em entrevista à agência russa de notícias Sputniknews, afirmou que o país terá um crescimento inferior a 2% independente do coronavírus. — Independente do coronavírus, eu já reduzi a minha previsão de crescimento do Brasil. No último artigo que publiquei (…), uma semana e meia atrás, a minha previsão de que vai crescer menos de 2%. Pra você crescer, precisa investir e eu não estou vendo nada de investimentos. O governo vai usar isso como desculpa pra dizer que cresceu pouco. E esses dias deve sair o resultado do PIB do ano passado, e é provável que dê uma taxa inferior aos dois anos anteriores que foi 1,3% — acrescentou. O especialista destacou, entretanto, que se o coronavírus tiver impacto no Brasil o crescimento deve cair ainda mais abaixo.
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