Economia de Israel sofre impacto negativo na guerra contra Palestina

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Publicado Quinta, 19 de Outubro de 2023 às 20:42, por: CdB

No caso de Israel, dados publicados pelo Ministério das Finanças antes da eclosão do conflito já apontavam para uma queda de cerca de 60% no Investimento Externo Direto (IED) no país, afetando sobretudo o setor de alta tecnologia.


Por Redação, com Sputnik Brasil - de São Paulo

Enquanto o poderio militar de Israel permanece incólume no conflito com os palestinos na Faixa de Gaza, sua economia mostra sinais de ser menos resiliente. As notícias sobre o curso dos combates, no entanto, não revelam o impacto significativo que esse conflito poderá ter na economia de Israel e de Gaza no curto e médio prazo.

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A violência que se espalha pelo Oriente Médio com o conflito entre Israel e Palestina deixa mortos e se equivale em prejuízos econômicos


No caso de Israel, dados publicados pelo Ministério das Finanças antes da eclosão do conflito já apontavam para uma queda de cerca de 60% no Investimento Externo Direto (IED) no país, afetando sobretudo o setor de alta tecnologia.

— A queda no IED representa uma grande ameaça para a economia israelense, que é altamente dependente do capital estrangeiro. A economia israelense não conta com a pujança de um mercado interno a depende completamente de recursos internacionais, tanto na área de investimentos, quanto de exportações — afirmou à agência russa de notícias Sputnik Brasil o pesquisador do Grupo de Estudos sobre Conflitos Internacionais e professor de Relações Internacionais da PUC-SP, Bruno Huberman.

 

Esfera militar


Já o aclamado setor de alta tecnologia israelense, que contribui para a formação de cerca de 18% do PIB local, depende exclusivamente do capital de um país: os EUA.

— O setor de alta tecnologia é completamente dependente de capital dos EUA, país que também envia ajuda econômica significativa para Israel. Ao contrário do que muitos pensam, o apoio norte-americano a Israel não se resume à esfera militar — observa Huberman.

De fato, cerca de 3% do orçamento federal israelense são provenientes de ajuda financeira direta dos Estados Unidos, o que equivale a cerca de 1% do PIB, revelam dados compilados pelo Centro Belfer para Assuntos Científicos e Internacionais da Escola Kennedy da Universidade de Harvard. A ajuda militar norte-americana, por sua vez, constitui cerca de 20% do orçamento de defesa israelense total e 40% do orçamento das Forças de Defesa do país.

 

Mão de obra


Com ou sem capital externo, o conflito com o Hamas deve agravar a já difícil oferta de mão de obra na economia israelense. A mobilização de cerca de 360 mil reservistas para o esforço de guerra, associada às dificuldades de acesso de trabalhadores palestinos aos seus locais de trabalho em Israel, podem gerar tensões entre o setor empresarial e o governo.

— O capital israelense é altamente dependente da mão de obra palestina, principalmente em setores precarizados, na construção civil e agricultura. São os trabalhadores palestinos que constroem Israel. Se as restrições impostas nos check points dificultarem o acesso à mão de obra por muito tempo, o capital israelense vai reclamar — explica Huberman.

Além disso, o setor de turismo, essencial para a saúde econômica israelense, também deve sofrer impacto significativo.

— Israel passou por um longo processo de reconstrução da sua imagem e investiu na construção de infraestrutura em cidades como Jerusalém, que é um dos principais destinos de turismo do mundo. As receitas do setor e o número de turistas em Israel devem ser reduzidos drasticamente em função do conflito — encerra Huberman.

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