E-mails comprovam envolvimento do Planalto com pastores no MEC

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Publicado Sexta, 08 de Julho de 2022 às 13:32, por: CdB

Os religiosos foram presos em 22 de junho, assim como Milton Ribeiro, um ex-assessor do MEC e o genro de Arilton, mas foram soltos no dia seguinte. A Polícia Federal apura o escândalo e, na Justiça, o caso foi submetido para o Supremo Tribunal Federal (STF) após indícios de que Bolsonaro haveria interferido nas investigações e avisado seu ex-ministro da possibilidade de operação contra ele.

Por Redação - de São Paulo
O governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) está cada vez mais atolado na suspeita de ter agido para colaborar com os pastores evangélicos que exigiam propina de prefeitos para liberar recursos públicos do Ministério da Educação (MEC). Nesta sexta-feira, o diário conservador paulistano Folha de S. Paulo (FSP) publicou documentos que colocam o Palácio do Planalto no centro das negociações criminosas.
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Ex-ministro da Defesa, o general Braga Netto assina e-mails em favor dos pastores
Segundo mensagens obtidas pela FSP, a Presidência da República solicitou oficialmente ao MEC que recebesse um dos pastores ligados ao presidente Bolsonaro e suspeitos de atuar em um esquema de corrupção no governo e ainda cobrou retorno da pasta sobre as providências adotadas sobre o caso. O pedido de reunião ao MEC e a cobrança do Planalto sobre os encaminhamentos estão em e-mail obtido pelo diário paulistano. A mensagem​, de janeiro de 2021, partiu do gabinete do então ministro da Casa Civil, general Walter Braga Netto, cotado para vice na chapa à reeleição de Bolsonaro.

‘Providências’

“Em 7 de janeiro de 2021, o gabinete de Braga Netto encaminha ao MEC por email uma solicitação de audiência em nome do pastor Arilton Moura para que a pasta avaliasse a ‘pertinência em atender’. O texto ainda cobra retorno sobre as ‘providências adotadas por esse Ministério”, disse o veículo. Ainda segundo o diário, “as mensagens reforçam as suspeitas de respaldo do Planalto para a atuação dos pastores, peças centrais no balcão de negócios do MEC. Em áudio revelado pela Folha em março, o agora ex-ministro da Educação Milton Ribeiro disse que priorizava pedidos dos pastores sob orientação de Bolsonaro. Os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos negociavam, desde o início de 2021, a liberação de recursos federais da Educação com prefeitos, mesmo sem cargo no governo”. Os religiosos foram presos em 22 de junho, assim como Milton Ribeiro, um ex-assessor do MEC e o genro de Arilton, mas foram soltos no dia seguinte. A Polícia Federal apura o escândalo e, na Justiça, o caso foi submetido para o Supremo Tribunal Federal (STF) após indícios de que Bolsonaro haveria interferido nas investigações e avisado seu ex-ministro da possibilidade de operação contra ele.

Relatos

De acordo com as mensagens obtidas pela FSP, a assessora dos pastores, Nely Carneiro da Veiga Jardim, pede — em email para Casa Civil às 9h47 do dia 7 de janeiro de 2021 — "uma audiência com Gen.Braga Netto”. A assessora dos religiosos insiste, em nova mensagem às 15h13 do mesmo dia, alegando que Arilton tinha um voo já reservado. Nely atuava como assessora dos pastores e também foi alvo de mandados de busca e apreensão da operação Acesso Pago da PF, que prendeu o grupo. Além de cuidar da agenda dos religiosos, ela abordava prefeitos em nome dos pastores, segundo relatos. A Casa Civil, por sua vez, encaminha ao MEC, às 17h40, mensagem para que o MEC avalie a possibilidade de receber o pastor. O título da mensagem é: "DERIVAÇÃO: Pastor Arilton Moura, Assessor do Presidente das Igrejas Evangélicas Cristo para Todos". O presidente da instituição é o pastor Gilmar Santos. A mensagem saiu do endereço "agendacasacivil@presidencia.gov.br", sob assinatura da Coordenação de Agenda/ Gabinete do Ministro-Chefe da Casa Civil da Presidência da República". O email foi enviado para “gabinetedoministro@mec.gov.br". Questionados, MEC, Planalto e o ex-ministro não responderam à FSP.
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