Doria desiste da candidatura ao Planalto e mobiliza cenário político

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Publicado Segunda, 23 de Maio de 2022 às 14:01, por: CdB

Ao lado de mulher, Bia Doria, e do presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, Doria encerrou um processo de fragmentação do ninho tucano. Não houve consenso no partido nem depois das prévias tucanas, em novembro de 2021, que resultaram na escolha de Doria como o pré-candidato.

Por Redação - de São Paulo
A chance de uma candidatura de João Doria à Presidência da República não existe mais. Muita discussão, traições e ameaças até de judicialização do processo sucessório, dentro do PSDB, marcam o fim de uma etapa na sucessão presidencial brasileira. Em um rápido pronunciamento, no início desta tarde, Doria despediu-se da disputa ao Palácio do Planalto e, talvez, da vida pública.
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O governador de São Paulo, João Doria, esteve em rota de colisão com o ex-colega gaúcho, Eduardo Leite
— Entendo que não sou o candidato da cúpula do PSDB, e aceito. Sempre busquei e continuarei buscando o consenso, ainda que ele seja contrário a mim. Saio de coração ferido e de alma leve. Seguirei como observador sereno do meu país, sempre com a disposição de lutar a guerra para a qual eu fui chamado. Que Deus proteja o Brasil — encerrou Doria. Ao lado de mulher, Bia Doria, e do presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, Doria encerrou um processo de fragmentação do ninho tucano. Não houve consenso no partido nem depois das prévias tucanas, em novembro de 2021, que resultaram na escolha de Doria como o pré-candidato.

Disputa

O hoje ex-governador paulista disputou com Eduardo Leite, então governador do Rio Grande do Sul, e o ex-senador Arthur Virgílio na eleição interna do PSDB que tinha por objetivo aparar as arestas e construir um consenso na sigla em torno de um único nome. Tanto o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) e o ex-senador José Serra (SP) chegaram a se posicionar a favor de Doria. Enquanto Geraldo Alckmin, que ainda integrava o partido, e o ex-governador Aécio Neves se mobilizaram na campanha a favor de Eduardo Leite. Na estréia , em 21 de novembro, data da eleição tucana, o aplicativo desenvolvido para registrar os votos apresentou falhas, o que resultou em acusações sobre uma suposta fraude no processo. Uma nova votação acabou sendo realizada seis dias depois. Doria alcançou 53,99% dos votos, seguido por Leite, com 44,66%. Virgílio somou 1,35%. — O PSDB sai desse processo muito maior do que entrou — disse Bruno Araújo, ao anunciar o vencedor, mas estava claro que a disputa não havia terminado.

Renúncia

Apenas quatro meses depois, em 30 de março, numa tentativa de pressionar a cúpula do PSDB, Doria ameaçou não concorrer à Presidência e permanecer no governo de São Paulo. Se mantivesse essa decisão, Doria praticamente inviabilizaria a candidatura de Rodrigo Garcia, o então vice-governador, que planejava alavancar seu nome justamente com a visibilidade do cargo de governador. Na ocasião, Bruno Araújo divulgou uma carta de apoio a Doria em um gesto da direção do partido para encerrar a crise. O reconhecimento público fez Doria manter a renúncia ao cargo de governador e seguir na disputa presidencial, mas em um ambiente conflagrado. A entrada em cena da senadora Simone Tebet (MDB-MS) foi o que bastou para inflamar o debate em torno de um nome da chamada ‘Terceira Via”, com o início de uma mobilização para unir MDB e PSDB numa mesma chapa. Tebet, assim, começou a ser defendida também por líderes do PSDB como o nome mais forte, com menos rejeição, para concorrer à Presidência – mesmo tendo ela um percentual de intenção de votos inferior ao de Doria, no atual momento. Nesse momento, o processo para eliminar Doria da disputa ganhou mais força e o então suposto candidato preferiu jogar a toalha. Ao encerrar o discurso, o ex-governador deixou em aberto se continuaria, ou não, na vida política.
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