Diálogo entre Maduro e Guaidó é dificultado por alto nível de exigências, diz analista

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Publicado Sexta, 28 de Maio de 2021 às 09:44, por: CdB

O diálogo político na Venezuela, proposto pela oposição de Juan Guaidó e aceito pelo presidente Nicolás Maduro, deu a ilusão de uma trégua nos intensos conflitos no país, mas parece que tudo é mais complicado.

Por Redação, com Sputnik - de Caracas
O diálogo político na Venezuela, proposto pela oposição de Juan Guaidó e aceito pelo presidente Nicolás Maduro, deu a ilusão de uma trégua nos intensos conflitos no país, mas parece que tudo é mais complicado.
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Diálogo político entre Maduro e Guaidó é dificultado por alto nível de exigências
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, colocou três requisitos para se sentar e dialogar com a oposição: a suspensão imediata de todas as sanções e medidas coercivas unilaterais impostas pelos EUA e pela União Europeia contra seu governo (e endossadas pela oposição), o pleno reconhecimento internacional da Assembleia Nacional (parlamento unicameral, com maioria oficial) e a devolução do património e das contas bancárias congeladas às instituições do Estado. Entre esses ativos, o presidente pediu a devolução das empresas Citgo, subsidiária da estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA), que agora está sob o controle de Washington, e da petroquímica Monómeros, da Colômbia, administradas por Conselhos de gerência ad hoc indicados pelo ex-deputado. Por sua vez, Guaidó exigiu a convocação de eleições presidenciais, embora, segundo as leis do país, neste ano só devam decorrer eleições regionais e municipais. Além disso, ele pediu a entrada em massa de ajuda humanitária e de vacinas contra covid-19, bem como a libertação de todos os "prisioneiros políticos". Apesar das altas demandas, Maduro reiterou seu apoio à ideia de uma grande mesa de diálogo nacional, e o ex-deputado pediu para deixar de lado os interesses pessoais e realizar o que chama de "plano de salvação nacional".

O apoio a Guaidó diminuiu

Em 2019, quando Guaidó se autoproclamou presidente interino da Venezuela, recebeu o apoio de mais de 50 países. No entanto, o deputado e membro da Comissão Especial de Diálogo, Reconciliação e Paz da Assembleia Nacional, Javier Bertucci, disse que, nos últimos dois anos, o cenário mudou e que o apoio a Guaidó diminuiu. – Só os Estados Unidos é que têm a capacidade de devolver esses bens à Venezuela como país, Guaidó não tem possibilidade de oferecer a devolução da Citgo ou um desbloqueio do ouro da Alemanha ou qualquer outro ativo que os EUA tenham sob sanção – disse o parlamentar à agência russa de notícias Sputnik. Para Bertucci, presidente do partido de oposição El Cambio e pastor evangélico, a mesa de diálogo entre Guaidó e Maduro não vai acontecer, dadas as altas demandas que ambos levantaram. – A mesa que Guaidó pede não será montada enquanto houver esses pedidos prévios de Maduro, onde ele exige o levantamento das sanções, a devolução de todos os bens do país, já se sabe que não haverá diálogo nem eleições presidenciais nessas condições – comentou. Já o deputado Julio Chávez, do Partido Socialista Unido (governista), concordou que Guaidó não tem o poder de devolver os bens que foram roubados à nação sul-americana. – Guaidó é um fantoche (…) Ele não tem poder de decisão, tem sido usado. Este triste personagem da política venezuelana está mais perto do caixote do lixo da história do que de se sentar à mesa de diálogo com o presidente da República – criticou.

Perdas para a Venezuela

Após a autoproclamação de Guaidó em 2019, Washington impôs sanções à PDVSA, que incluíram o bloqueio de fundos da Citgo. O governo venezuelano acusou o ex-deputado de ser o responsável pelas perdas milionárias, que ultrapassam US$ 300 milhões (mais de R$ 1,5 bilhão). Entretanto, resta saber se a grande mesa de diálogo nacional se materializará e se Maduro e Guaidó cederão às exigências feitas para alcançar uma negociação, para a qual abriram as portas à UE e à Noruega na qualidade de mediadores.
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