Crise na Abin se agrava diante novas denúncias de arapongagem

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Publicado Sexta, 27 de Outubro de 2023 às 19:28, por: CdB

As apreensões realizadas no âmbito das investigações da PF sobre o monitoramento ilegal de celulares feito por servidores da Abin contra opositores e adversários políticos de Bolsonaro levaram ao esquema de espionagem em massa de desktops, segundo informações vazadas na manhã desta sexta-feira à mídia conservadora.


Por Redação - de Brasília

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin), sob a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), nutria um plano para acessar milhões de computadores, em todo o país, com o objetivo de espionar os seus usuários. Agentes da Polícia Federal (PF) descobriram a trama ilegal ao analisar informações contidas nos celulares apreendidos durante a últimas operações realizadas com aprovação judicial.

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A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) ainda abriga velhos 'arapongas' da ditadura militar


As apreensões realizadas no âmbito das investigações da PF sobre o monitoramento ilegal de celulares feito por servidores da Abin contra opositores e adversários políticos de Bolsonaro levaram ao esquema de espionagem em massa de desktops, segundo informações vazadas na manhã desta sexta-feira à mídia conservadora.

O material recolhido e submetido à análise pelos investigadores revelou a presença de dispositivos invasivos por meio do uso de malwares, com capacidade de acessar integralmente o conteúdo dos computadores afetados. A invasão ocorre de diversas formas, seja por meio do disparo de e-mails, mensagens de texto, WhatsApp Web, ou mesmo por acesso físico ao computador, através de dispositivos como pen drives.

 

Mandados


Os investigadores agora se dedicam a quantificar o número de computadores afetados e identificar os alvos do esquema de espionagem. Na semana passada, a PF desencadeou uma operação que expôs um esquema ilegal de rastreamento de celulares realizado pela Abin. As investigações da PF desencadearam uma crise entre as duas instituições, o que tem elevado a temperatura entre os ministérios da Justiça e da Defesa.

Em meio à crise interna na Abin, servidores da autarquia estão buscando uma solução para a disputa de poder dentro da instituic1ão. A proposta apresentada pelos funcionários envolve convencer o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a nomear apenas servidores de carreira para os cargos de diretoria, reservando a exceção apenas para o diretor-geral.

A associação de funcionários da área de inteligência do governo tem sugerido, ainda, que somente o diretor-geral poderia ser alguém de fora da carreira, enquanto os demais diretores deveriam ser escolhidos entre os profissionais técnicos da Abin. A iniciativa tem como objetivo evitar a politização do órgão, garantindo a profissionalização da instituição, que desempenha um papel crucial como instrumento de Estado, independente de mudanças de governo temporárias.

 

Registros


A proposta dos servidores, no entanto, encontra resistência no núcleo do governo. Há necessidade de manter um controle político sobre um órgão tão estratégico para o funcionamento do governo, desde que seu desempenho seja eficaz, segundo fontes ouvidas no Palácio do Planalto.

A crise na Abin também se estende às investigações conduzidas pela Polícia Federal. Durante o governo Bolsonaro, agentes da Abin teriam realizado monitoramentos, tendo como alvos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), políticos, advogados e jornalistas. Nessas operações, a Abin utilizou um equipamento israelense chamado FirstMile.

As investigações indicam que mais de 30 mil monitoramentos foram realizados durante o governo passado, mas a maioria desses registros foi apagada assim que se iniciou o governo Lula. Pesam, portanto, suspeitas de que agentes envolvidos nesses monitoramentos possam ter eliminado evidências dos sistemas da Abin já na atual administração.

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