CPI da Covid ouve presidente da ANS e o questiona sobre escândalo da Prevent Senior

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Publicado Quarta, 06 de Outubro de 2021 às 12:34, por: CdB

A agência reguladora do setor deve explicações sobre quais providências foram tomadas para coibir ou punir essas ações. As cobranças da CPI sobre a ANS se intensificaram na última terça-feira, com o depoimento da advogada Bruna Morato, representante de um grupo de médicos que trabalha na Prevent Senior.

Por Redação - de Brasília
A CPI da Covid tomou o depoimento, nesta quarta-feira, do diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Paulo Roberto Rebello Filho, questionando-o sobre as medidas que a agência reguladora tomou ou deveria ter tomado ante as práticas médicas irregulares da Prevent Senior durante a pandemia. Rebello Filho foi também chefe de gabinete do Ministério da Saúde entre 2016 e 2018, na gestão do deputado Ricardo Barros (PP-PR), que é investigado pela CPI, mas negou que tenha sido indicado por ele para o atual cargo.
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Rebello Filho, diretor-presidente da ANS, negou que tenha sido indicado pelo deputado Ricardo Barros (MDB-PR)
A convocação foi requerida pelo vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Antes de ser diretor-presidente da ANS, Rebello comandava a diretoria de Normas e Habilitação das Operadoras. Em sua intervenção, Randolfe afirmou que a CPI já reuniu evidências de “inúmeras e gravíssimas irregularidades” cometidas pela Prevent Senior contra seus segurados e funcionários. A agência reguladora do setor, segundo Rodrigues, deve explicações sobre quais providências foram tomadas para coibir ou punir essas ações. As cobranças da CPI sobre a ANS se intensificaram na última terça-feira, com o depoimento da advogada Bruna Morato, representante de um grupo de médicos que trabalha na Prevent Senior. Segundo ela, os profissionais eram obrigados a receitar o “kit covid” para pacientes, e que os riscos dos medicamentos não eram informados.

Indicação

O relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), suspeita que a empresa estivesse blindada pela agência enquanto executava esse protocolo. — Há muitos documentos e comentários de que os diretores executivos da Prevent Senior, quando sentiam alguma insatisfação de algum médico para pôr em prática o protocolo e aplicar o ‘kit covid’, diziam: “Olha, fica tranquilo que a ANS não chegará aqui” — revelou o senador. O diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, afirmou em seu depoimento à CPI que a empresa foi investigada pela ANS e os processos foram arquivados. Rebello Filho, no entanto, negou a informação. Paulo Roberto Rebello Filho é diretor-presidente da ANS desde julho. Sua indicação chegou a ser retirada pelo presidente Jair Bolsonaro na véspera do dia em que seria analisada pelo Senado, mas Bolsonaro voltou atrás e os senadores aprovaram a condução de Rebello.

Por WhatsApp

Outro ponto abordado foi a informação de que funcionários da Prevent Senior e blogueiros bolsonaristas tinham um canal de comunicação direto, por meio de grupo de WhatsApp. A informação, veiculada pela rede norte-americana de TV CNN, foi obtida após acesso às quebras de sigilos telemáticos, ordenadas pela CPI da Covid. Entre os nomes presentes nas conversas estava Allan dos Santos, youtuber apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Segundo a CNN, as mensagens obtidas pelos senadores mostram, através do grupo, que a Prevent Senior repassava informações aos blogueiros bolsonaristas sobre o ‘kit covid’ – que inclui medicamentos sem eficácia contra covid-19. A partir desse canal, os simpatizantes de Bolsonaro divulgavam notícias sobre o chamado “tratamento precoce”. Além de Allan dos Santos, participava do grupo o empresário Patrick Folena, um dos líderes do grupo Avança Brasil. Inclusive, em uma das mensagens, enviada no dia 6 de abril de 2020, ele afirma que o empresário Carlos Wizard, integrante do “gabinete paralelo”, iria distribuir gratuitamente o medicamento.

Prevent Senior

A Prevent Senior é investigada pela CPI da Covid por obrigar profissionais a receitar medicamentos contra covid-19 mesmo sem eficácia e com riscos colaterais. Em depoimento à CPI da Covid, no último dia 18, a advogada Bruna Morato, que representa médicos que denunciaram a operadora, afirmou que a Prevent Senior não respeitou a autonomia médica. A operadora de saúde também é investigada por fraudar prontuários de pacientes que morreram de covid-19 e receberam o chamado “kit covid”. De acordo com a denúncia dos médicos, pacientes foram cobaias de um estudo sem autorização para testar a eficiência dos medicamentos. Alguns morreram e a razão verdadeira do óbito não foi divulgada. A denúncia dos médicos também afirma que a operadora não tinha a quantidade de leitos necessários para atender os pacientes infectados pelo novo coronavírus e adotou o chamado tratamento precoce para enfrentar essa deficiência.
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