CPI da Covid estabelece núcleos para investigar corrupção no governo

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Publicado Segunda, 19 de Julho de 2021 às 14:04, por: CdB

De acordo com o senador Humberto Costa (PT-PE), há o “absoluto fracasso de gestão” do Ministério da Saúde, ao citar um vídeo comprometedor do general Pazuello. À CPI, o ex-ministro negou participar, diretamente, das negociações. Estas, mentiu, eram tratadas no “nível administrativo” do ministério.

Por Redação, com RBA - de Brasília
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid estabeleceu núcleos específicos para investigar os vários pontos a serem investigados, diante do volume de documentos acumulados contra os suspeitos de corrupção em várias frentes do governo de Jair Bolsonaro (sem partido).
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O ex-ministro Eduardo Pazuello mentiu à CPI da Covid ao afirmar que não participava da negociação de vacinas superfaturadas
— Essa divisão é muito importante para podermos cobrir todos os pontos — afirmou o senador Humberto Costa (PT-PE) à agência brasileira de notícias Rede Brasil Atual (RBA) nesta segunda-feira. Uma das prioridades, segundo o parlamentar e ex-ministro da Saúde, é investigar as denúncias de corrupção na compra de vacinas. Na última sexta-feira, o diário conservador paulistano Folha de S.Paulo (FSP) divulgou um vídeo em que o então ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, aparece negociando com intermediários a aquisição de 30 milhões de doses da CoronaVac.

Credibilidade

Os representantes da empresa World Brandes ofereceram os imunizantes por quase o triplo do valor (US$ 28 por dose) estabelecido pelo Instituto Butantan, que produz as vacinas em parceria com o laboratório chinês Sinovac. De acordo com o senador, é mais um exemplo de “absoluto fracasso de gestão” do ministério da Saúde. Para ele, o vídeo compromete Pazuello ainda mais. À CPI, o general chegou a negar que participasse diretamente das negociações das vacinas. Estas, segundo ele, eram tratadas no “nível administrativo” do ministério.   — Mais uma empresa sem credibilidade, levada por pessoas sem qualquer tipo de credencial. Negocia valores e quantidades de vacinas que não tem. E ainda tem acesso ao ministro da Saúde, que disse que assinaria um memorando de entendimentos — comentou.

Os núcleos

Costa vai investigar a atuação dos hospitais federais. Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice presidente da CPI, cuidará da atuação de empresas intermediárias que negociaram vacinas com o Ministério da Saúde. Simone Tebet (MDB-MS) trabalhará especificamente no caso da Precisa/Covaxin. Otto Alencar (PSD-BA) cuidará de negacionismo e demais questões sanitárias.  Alessandro Vieira (Sem partido-SE), dos esquemas de notícias falsas durante a pandemia. Os tratamentos com remédios sem eficácia contra a covid-10, como a cloroquina e a ivermectina, ficarão a cargo de Rogério Carvalho (PT-SE). Por fim, Eliziane Gama (Cidadania-MA) será responsável pela apuração das novas denúncias de corrupção envolvendo a empresa de logística VTC Operadora de Logística. Posteriormente, no retorno dos trabalhos formais da CPI, um dos primeiros a prestar depoimento deverá ser o sócio da Vitamedic, José Alves Filho. O laboratório é o principal produtor da ivermectina no Brasil.

Charlatanismo

A própria empresa enviou dados à comissão apontando que a venda de caixas do medicamento aumentou em mais de 1.000%, passando de quase 6 milhões em 2019 para quase 76 milhões em 2020. Além disso, a empresa patrocinou anúncios nos principais jornais do país do grupo Médicos pela Vida, em defesa do chamado “kit covid”. Costa relatou as “relações promíscuas” entre médicos e os laboratórios que produzem tais medicamentos. Nesse sentido, ele pretende também convocar o presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Mauro Ribeiro, que adotou postura complacente diante de tais práticas.  — Além de representar crime de charlatanismo, também representa, por parte dos médicos que participaram dessa movimentação, uma grave infração à ética médica — concluiu.
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