Covid pode ser ativador de vírus que 'dormem' no corpo, segundo cientistas

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Publicado Segunda, 14 de Fevereiro de 2022 às 07:12, por: CdB

Os retrovírus, ou retrovírus endógenos humanos (HERV, na sigla em inglês), são restos de infecções virais antigas que permaneceram inativas no corpo, mas que podem se ativar de novo. Segundo estudos dos últimos anos, esses retrovírus podem interferir de alguma forma em funções fisiológicas.

Por Redação, com Sputnik - de Madri/Cidade do México/Paris

Pesquisadores da Espanha, México e França identificaram maior prevalência de um retrovírus em pacientes com casos graves de covid, ou com casos de coronavírus longo. Há uma relação entre casos graves de coronavírus e de coronavírus longo e um vírus que se ativa após infecção pelo SARS-CoV-2, concluíram cientistas da Espanha, México e França em um estudo publicado no servidor de pré-impressão medRxiv.

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Covid-19 pode ser ativador de vírus que 'dormem' no corpo, segundo cientistas

Pesquisadores do Instituto Nacional de Doenças Respiratórias do México, das universidades de Lyon e Toulouse e do Instituto Aragonês de Ciências da Saúde realizaram um estudo in vitro, em laboratório, infectando células saudáveis com covid-19. Eles descobriram que o retrovírus HERV-W ENV aumentou significativamente no soro e plasma de pacientes da doença do coronavírus, especialmente os que tinham doença grave.

Os retrovírus, ou retrovírus endógenos humanos (HERV, na sigla em inglês), são restos de infecções virais antigas que permaneceram inativas no corpo, mas que podem se ativar de novo. Segundo estudos dos últimos anos, esses retrovírus podem interferir de alguma forma em funções fisiológicas.

"Nossos dados sugerem que o HERV-W ENV pode estar envolvido em características patogênicas subjacentes aos sintomas da covid-19 aguda e pós-aguda", indicam os autores da pesquisa, que ainda não foi revista por pares. Os retrovírus foram analisados por já ter sido demonstrado no passado que podem estar relacionados com o sistema imune, especialmente quando este reage de forma exagerada.

O estudo conseguiu determinar as seguintes realidades:

O SARS-CoV-2 pode ativar a produção do HERV-W ENV em algumas células de sangue de pessoas saudáveis.

Esse retrovírus se encontra em linfócitos T de pacientes com coronavírus.

O HERV-W ENV é detectado em todas as amostras de plasma e soro de casos graves de coronavírus, o nível do retrovírus aumenta com a gravidade da doença.

Neste momento só falta demonstrar se os retrovírus favorecem a gravidade da covid-19 contraída pelos pacientes.

Mulher da África do Sul com HIV acumula 21 mutações do SARS-CoV-2

Uma mulher com o vírus HIV na África do Sul permaneceu infectada pelo SARS-CoV-2 por nove meses, durante os quais o patógeno em seu organismo teve 21 mutações, segundo o estudo.

O artigo com os resultados da pesquisa foi publicado no site Social Science Research Network (SSRN).

Conforme a matéria indica, ela tinha a cepa Beta. Além disso, a pessoa não tinha recebido o tratamento adequado para o HIV por muito tempo, com o qual nasceu.

"Uma mulher de 22 anos com infecção progressiva do HIV esteve infectada pela variante Beta do SARS-CoV-2 no decorrer de nove meses, enquanto isso, o vírus conseguiu mais de 20 mutações adicionais", diz o estudo realizado pelos cientistas sul-africanos.

A paciente testou positivo para a covid-19 em janeiro de 2021. Em setembro, ela foi internada em um hospital na Cidade do Cabo, onde a covid-19 também foi confirmada.

As pesquisas realizadas demonstraram que foi justamente um caso de infecção duradoura de nove meses e não de reinfecção. Ela só teve teste negativo no final de novembro.

Adicionalmente, nota-se que, desde janeiro do ano passado, a mulher tinha problemas com o tratamento do HIV, que foi reiniciado após a internação. "A terapia antirretroviral suprimiu o HIV e eliminou o vírus SARS-CoV-2 em seis-nove meses", conforme o estudo.

Os autores do trabalho ressaltaram que o caso analisado "completa as provas de que uma forte supressão da imunidade ligada à infecção pelo HIV não controlada pode levar às infecções crônicas pelo SARS-CoV-2".

Conforme é referido, isso pode levar à acumulação de mutações, algumas das quais escapam à resposta imune, o que resulta, por sua vez, no surgimento de novas variantes no organismo.

 
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