Coronel que mente à CPMI é denunciado e pode ser preso

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Publicado Quarta, 28 de Junho de 2023 às 13:13, por: CdB

Aos congressistas, no entanto, o coronel afirmou que os pedidos feitos a Mauro Cid diziam respeito a uma "ordem de apaziguamento" diante das manifestações golpistas, e não a uma ordem de golpe de Estado.


Por Redação, com Brasil de Fato - de Brasília


O deputado federal Duarte Júnior (PSB-MA) protocolou uma notícia-crime no Ministério Público do Distrito Federal contra o coronel Jean Lawand Júnior por suposto falso testemunho em seu depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, na terça-feira.




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O coronel do Exército, Jean Lawand Junior

De acordo com o congressista, o coronel distorceu o conteúdo de suas mensagens enviadas a Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), que tratavam de um golpe no país. Nas conversas encontradas pela Polícia Federal (PF), o coronel pede para Cid convencer o ex-presidente a dar uma ordem de intervenção ao comando das Forças Armadas contra o resultado das eleições que consagrou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente. "Ele [Bolsonaro] não tem nada a perder. Ele vai ser preso e o pior: na Papuda", afirmou Lawand em uma das mensagens enviadas a Cid.


Exército Brasileiro


– Cidão, pelo amor de Deus, cara. Ele (Bolsonaro) dê a ordem que o povo tá com ele, cara. Se os caras não cumprir (sic), o problema é deles. Acaba o Exército Brasileiro se esses caras não cumprir a ordem do, do Comandante Supremo. Como é que eu vou aceitar uma ordem de um general, que não recebeu, que não aceitou a ordem do comandante? Pelo amor de Deus, Cidão. Pelo amor de Deus, faz alguma coisa, cara. Convence ele a fazer – disse Lawand em um dos áudios enviados a Mauro Cid, em 30 de novembro de 2022, segundo transcrição da PF.


Aos congressistas, no entanto, o coronel afirmou que os pedidos feitos a Mauro Cid diziam respeito a uma "ordem de apaziguamento" diante das manifestações golpistas, e não a uma ordem de golpe de Estado. Mas as justificativas não foram suficientes para sustentar a versão diante das mensagens colhidas pela PF. "O senhor fica absolutamente desconfortável e tenta fazer explicações que não se asseguram, que não tem uma sustentação pratica", afirmou a relatora da CPMI, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA).



Renan acusa Lira de receber informações privilegiadas da PF


O senador Renan Calheiros (MDB-AL) acusou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de ter acesso a informações privilegiadas da Polícia Federal (PF) e vazá-las para lideranças políticas regionais durante as eleições. O congressista também atribuiu a Lira o aparelhamento e interferência nos trabalhos da superintendência da PF de Alagoas.

– Ele (Lira) anunciou para todos que estava nomeando a superintendente da Polícia Federal em Alagoas, se não me engano, em junho de 2022, Juliana de Sá Pereira Gonçalves, e que ela iria fazer a investigação de um fato que havia acontecido no âmbito da Assembleia Legislativa – disse Calheiros em depoimento à PF no fim de março, na condição de testemunha.

Segundo o congressista, a delegada permitiu que Lira tivesse acesso a uma operação da PF contra o prefeito de Rio Largo, Gilberto Gonçalves (PP), antes de a corporação ir para as ruas. Ele foi alvo da Operação Beco da Pecúnia, que investiga desvio de recurso do Fundo Nacional de Educação Básica (Fundeb) e do Sistema Único de Saúde (SUS).

– Uma coisa que eu acredito que jamais aconteceu na história das investigações sigilosas é que o advogado do prefeito Gilberto Gonçalves e do Arthur Lira, chamado Fábio Gomes, pediu um habeas corpus ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região. O advogado disse que o prefeito não poderia ser preso com base nas informações que recebeu. Recebeu de quem? Recebeu da superintendente, porque era ela que tinha relação com o deputado e foi levada para Alagoas para isso tudo – afirmou Calheiros.

O caso tramita na coordenação-geral de assuntos internos da Corregedoria da PF, em Brasília, desde o fim do ano passado. Em outubro, as investigações resultaram no afastamento do governador e então candidato à reeleição Paulo Dantas (MDB), aliado de Calheiros.

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