Na corda bamba, Araújo torna-se ‘unanimidade negativa’, afirma ex-chanceler Celso Amorim

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Publicado Quinta, 25 de Março de 2021 às 12:03, por: CdB

Presidente da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL) criticou a política externa brasileira em sessão da Casa, na véspera, e ao menos cinco senadores fizeram menções explícitas à troca de comando no Itamaraty, em outra sessão do Senado, que contou com a presença do próprio Ernesto Araújo.

Por Redação - de Brasília e Rio de Janeiro

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, está pressionado no cargo e pode ser demitido nas próximas horas. Extremista e negacionista, o chanceler rompeu elos internacionais, o que isolou o país e inviabilizou a compra de vacinas contra covid-19, observa o diplomata Celso Amorim, ex-ministro de Relações Exteriores e da Defesa. Segundo Amorim, Ernesto Araújo é hoje uma “unanimidade negativa” no Brasil e no mundo.

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Bolsonaro, que nomeou Ernesto Araújo por sua vida pregressa no Serviço Público, agora procura se afastar do chanceler, devido ao seu desgaste

— É o mínimo de dignidade ele sair. O chanceler está sendo criticado por todos, ele é uma unanimidade negativa. Todos desconfiam dele, sejam pela ideologia ou por sua incompetência intelectual — afirmou Amorim, à agência brasileira de notícias Rádio Brasil Atual (RBA).

Vergonha

Presidente da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL) criticou a política externa brasileira em sessão da Casa, na véspera, e ao menos cinco senadores fizeram menções explícitas à troca de comando no Itamaraty, em outra sessão do Senado, que contou com a presença do próprio Ernesto Araújo.

Com 50 anos de experiência internacional, Celso Amorim diz que nunca viu um ministro tão incompetente no cargo.

— É uma vergonha tê-lo como ministro. Em 50 anos na função internacional, nunca vi nada parecido com isso. O Itamaraty sempre foi respeitado mundialmente e, agora, está enxovalhado. Nenhum país quer mais contato com o Brasil — criticou.

Bomba atômica

Ernesto Araújo é um dos últimos representantes no governo em cargo relevante da corrente mais fiel ao pensamento defendido pelo escritor Olavo de Carvalho. Ernesto, inclusive, já disse uma vez que o Brasil não deve se preocupar caso o país se torne um pária na comunidade internacional.

Esse isolamento do Brasil também se dá dentro do próprio continente latino-americano. Amorim lembra que não existe mais relação do Brasil com os países vizinhos, que tenta destruir o Mercosul.

— O Brasil, que já foi a 10ª maior economia do mundo, está isolado. É um milagre às avessas. Não basta ser incompetente, é maléfico. E com a pandemia, o Brasil virou uma bomba atômica de contaminação no mundo — acrescentou Amorim.

Abandonado

Diante da avalanche de críticas, Araújo tem sido deixado no desvio pela articulação política do Palácio do Planalto, disseram aliados do chanceler ao diário conservador paulistano O Estado de S. Paulo (OESP), nesta manhã. “Na visão desses interlocutores, o chefe da diplomacia bolsonarista acabou exposto de propósito pela base governista nesta quarta-feira, ao dar explicações sobre atrasos na obtenção de vacinas contra a covid-19 no Congresso”

“O abandono foi interpretado como um sinal da perda de apoio político do chanceler dentro do governo Jair Bolsonaro. Ernesto já tinha contra si setores do empresariado, principalmente no agronegócio, políticos do Centrão e da oposição, militares e diplomatas de carreira. A carta de empresários e economistas, divulgada no fim de semana, também cobrava uma política externa ‘desidratada de ideologia ou alinhamentos automáticos’. O documento surpreendeu o governo e impulsionou a ofensiva do Congresso”, diz OESP.

Na véspera, dia em que o país superou os 300 mil mortos, “o ministro passou 5 horas e 15 minutos exposto a dissabores, provocações, cobranças e bate-bocas no Senado e outras 3 horas e 40 minutos na Câmara. Estava acompanhado apenas do assessor internacional da Presidência, Filipe Martins, e do secretário de Comunicação e Cultura do Itamaraty, embaixador Paulino Franco de Carvalho Neto”, conclui.

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