Os metroviários integram uma campanha conjunta com trabalhadores da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e da Companhia de Saneamento Básica de São Paulo (Sabesp) contra a privatização.
Por Redação, com Brasil de Fato - de São Paulo
Os metroviários de São Paulo pretendem deflagrar uma greve a partir de 0h01 desta terça-feira contra o processo de privatização e terceirização do sistema metroferroviário em curso pelo governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos). Demandam, especificamente, a revogação de um edital que visa terceirizar o serviço de manutenção da Linha 15-Prata, cujo pregão está marcado para 28 de agosto.
Nesta segunda-feira uma reunião de negociação aconteceu entre o sindicato e a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) e às 18h uma assembleia da categoria confirmará ou não a paralisação.
Caso a paralisação se confirme, os trabalhadores vão definir se será por 24h ou tempo indeterminado. Em caso de greve, os metroviários afirmaram estar dispostos a trabalhar desde que o governo de São Paulo libere a catraca livre para a população.
O Brasil de Fato questionou a empresa estatal sobre a reivindicação da greve e a possibilidade de tarifa zero durante a mobilização, mas não teve resposta até o fechamento da matéria. O texto será atualizado se o posicionamento for enviado.
O Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT-SP) concedeu uma liminar ao Metrô de São Paulo prevendo que, em caso de greve nesta terça, 70% da frota deve operar nos horários de pico (das 6h às 9h e das 16h às 19h) e 30% nos demais horários. A multa diária prevista por descumprimento é de R$ 100 mil.
Questionada se a categoria deve cumprir a liminar, a presidenta do Sindicato dos Metroviários, Camila Lisboa, afirma que “a categoria vai exercer seu direito de greve”.
– O governo Tarcísio, desde que foi eleito, tem reafirmado seu projeto de privatizar todo o sistema metroferroviário do estado de São Paulo. Somos contrários a esse projeto pois ele significa a piora do serviço e o aumento da tarifa – pontua Lisboa.
– As experiências das linhas 8 e 9, que agora são geridas pela empresa ViaMobilidade mostram categoricamente que a privatização piora o serviço, atrasa a vida dos passageiros e, diferentemente do que o governo diz, não economiza o dinheiro público. Ao contrário, esses contratos preveem a garantia de lucro por 30 anos – enfatiza.
A greve é também uma forma de protesto contra a demissão de três trabalhadores por conta da colisão de trens do monotrilho da Linha 15-Prata no último 8 de março.
– O que aconteceu foi um acidente de trabalho. Os três companheiros atuaram dentro dos procedimentos, mas o que o governo do Estado não revela, evidentemente, são as falhas no sistema – diz a presidenta do sindicato.
Plebiscito
Os metroviários integram uma campanha conjunta com trabalhadores da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e da Companhia de Saneamento Básica de São Paulo (Sabesp) contra a privatização. Em setembro, pretendem organizar um plebiscito popular para que a população manifeste sua opinião sobre o tema. Em outubro, está prevista uma mobilização unificada entre as categorias.
– Nosso segundo desafio ao governo Tarcísio é que esse plebiscito seja feito oficialmente – propõe Narciso Soares, vice-presidente do Sindicato dos Metroviários.
– A gente está nessa campanha geral contra a privatização dos serviços públicos essenciais. Ao contrário, queremos que haja mais investimento. E nossa greve vem no sentido de alertar contra esse processo – explica Narciso.