Em sua delação premiada, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, afirmou que o comandante da Marinha, Almir Garnier, teria indicado apoio a um eventual golpe militar.
Por Redação - de Brasília
A Polícia Federal (PF) na ‘Operação Tempus Veritatis’, deflagrada há uma semana com ex-ministros, militares, assessores e Jair Bolsonaro (PL) entre os alvos, ressaltou em seu relatório a necessidade de aprofundar as investigações sobre a possível contribuição, por omissão, do ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, e do da Aeronáutica, brigadeiro Baptista Junior, na tentativa fracassada de um golpe de Estado, no 8 de Janeiro.
Em sua delação premiada, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, afirmou que o comandante da Marinha, Almir Garnier, teria indicado apoio a um eventual golpe militar. Embora Garnier tenha sido o único dos três comandantes diretamente envolvido na operação policial, a corporação entende que há necessidade de investigar os ex-comandantes Freire Gomes (Exército) e Baptista Júnior (Aeronáutica) para compreender por que eles não denunciaram os planos golpistas em curso.
Golpista
"Conforme o exposto, os fatos apresentados revelaram a adesão e participação de vários militares aos atos que estavam sendo desenvolvidos pelo grupo investigado na tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Em relação ao general Freire Gomes e ao Brigadeiro Baptista Junior os elementos colhidos, até o presente momento, indicam que teriam resistido às investidas do grupo golpista.
“No entanto, considerando a posição de agentes garantidores, é necessário avançar na investigação para apurar uma possível conduta comissiva por omissão pelo fato de terem tomado ciência dos atos que estavam sendo praticados para subverter o regime democrático e mesmo assim, na condição de comandantes do Exército e da Aeronáutica, quedaram-se inertes", diz o relatório, vazado para mídia conservadora nesta quinta-feira.
Ambíguo
O general Lourena Cid, pai de Mauro Cid, que já era investigado no contexto da venda das joias sauditas desviadas do patrimônio da Presidência, também é citado no documento. O relatório aponta uma troca de mensagens que revela uma preocupação com a narrativa montada pelo grupo golpista para manter apoiadores mobilizados, em uma clara participação nos atos golpistas levados a termo.
O Ministério da Defesa, segundo o relatório da PF, planejava divulgar um parecer sobre supostas fraudes nas urnas eletrônicas após o primeiro turno das eleições, visando sustentar a narrativa de que o processo eleitoral poderia ser fraudado. A não identificação de vulnerabilidades gerou apreensão quanto à capacidade de desmontar essa narrativa.
Mensagens trocadas entre Lourena Cid e Mauro Cid revelam a preocupação com a divulgação prematura do relatório do ComDCiber, adiada para depois do segundo turno. O documento oficial do Ministério da Defesa, por sua vez, foi ambíguo, afirmando não ser possível identificar, mas também não descartar eventuais fraudes nas urnas eletrônicas.