Com a inflação em queda, BC não reduz os juros, observa economista

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Publicado Terça, 19 de Dezembro de 2023 às 19:24, por: CdB

O país convive, no entanto, com uma questão estrutural importante: o nível do investimento é um dos únicos indicadores negativos da prévia do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado em dezembro. Para Juliane Furno, o principal vilão para este impedimento é a taxa de juros mantida pelo Banco Central (BC) ainda em um patamar muito elevado. 


Por Redação, com BdF - do Rio de Janeiro

O crescimento da economia brasileira, que deve passar dos 3% neste ano, surpreendeu até os mais otimistas com a política econômica do governo federal. O número não deve se repetir no próximo ano, mas o cenário não será de retração econômica, ao contrário do que muitos economistas ligados ao mercado têm propagado. É o que afirma a economista Juliane Furno, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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Os juros tendem a permanecer altos até o fim do ano, segundo previsão dos economistas ouvidos pelo BC


— Para o ano que vem, a economia deve crescer menos de 3%, mas eu não tenho identificado, a partir das variáveis que a gente pode identificar empiricamente, que a economia brasileira vai rumar para um cenário de crise e estagnação, como pintam alguns economistas — calcula Furno.

 

Gasto zero


O país convive, no entanto, com uma questão estrutural importante: o nível do investimento é um dos únicos indicadores negativos da prévia do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado em dezembro. Para Juliane Furno, o principal vilão para este impedimento é a taxa de juros mantida pelo Banco Central (BC) ainda em um patamar muito elevado.

— Os gastos públicos ainda vão continuar crescendo. Diferente do teto de gastos, que impõe um crescimento zero, no arcabouço fiscal, as despesas públicas podem crescer até 2,5%. No pior cenário ainda vai crescer 0,6%. Não vai ter corte de gastos, não é uma política baseada no gasto zero — acrescenta.

 

Crédito


Na última semana, o BC baixou em 0,5% a taxa básica, que caiu para 11,75% ao ano, a segunda maior do mundo. Segundo Furno, "a gente não está vivendo ainda um patamar de redução da taxa básica de juros. Estamos vivendo uma redução da taxa nominal, que é muito importante, mas precisa haver uma redução ainda maior para que o investidor privado vá tomar crédito e passe a investir".

— Na verdade, os juros estão subindo, porque a taxa básica de juros real é o quanto ela é nominal, descontada a inflação. Então, se ela cai um pouquinho e a inflação cai mais, na verdade, o juro real fica maior — explica a economista.

Furno, que integrou a equipe de transição do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), falou ao site de notícias Brasil de Fato (BdF) ainda sobre os caminhos para a transição energética no Brasil.

 

Acordo de Paris


Na COP28, em Dubai, o Brasil foi alçado ao posto de grande impulsionador da troca de matriz energética mundial, deixando de lado o uso de combustíveis fósseis. Segundo a economista, o país leva vantagens para a Europa, que terá dificuldades para se enquadrar nos termos do Acordo de Paris.

— Acho que o Brasil tem uma grande vantagem competitiva, já que nós podemos nos comprometer com as metas do Acordo de Paris e as metas climáticas de, no máximo, 1,5% do aumento da temperatura do planeta, sem comprometer muito a nossa atividade econômica. É diferente da Europa, que vai ter, para se adequar às mudanças climáticas, uma redução, por exemplo, no seu padrão de vida — resumiu Furno.

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