Colonos israelenses tentam expulsar palestinos da Cisjordânia

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Publicado Sábado, 18 de Novembro de 2023 às 18:29, por: CdB

Desde a eclosão do atual conflito entre Israel e Hamas, relata a mulher, colonos israelenses têm aumentado a pressão sobre os moradores de Khirbet Susiya.


Por Redação, com DW - de Hebron, Palestina

As últimas semanas foram extremamente difíceis, diz Halima Khalil Abu Eid. Mãe de duas meninas, ela vive em Khirbet Susiya, um vilarejo no sul das colinas de Hebron, na Cisjordânia sob ocupação israelense. Há um mês, enquanto a família dormia, colonos israelenses invadiram a casa, bateram no marido dela e os ameaçaram com um ultimato.

— Vocês têm que sair daqui. Se não saírem, vamos atirar em vocês. E vocês têm que destruir sua casa — relata Abu Eid, repetindo as palavras que ouviu naquela noite.

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Halima Abu Eid tem recebido ameaças de colonos judeus para abandonar suas terras


Desde a eclosão do atual conflito entre Israel e Hamas, relata a mulher, colonos israelenses têm aumentado a pressão sobre os moradores de Khirbet Susiya.

— Eles estão revistando, destruindo e nos aterrorizando. Da última vez, também atacaram meu marido e o cunhado dele. Uma das filhas está vomitando de tanto medo — relata.

 

Território


Khirbet Susiya testemunhou anos de ameaças por parte de colonos que vivem em assentamentos e fazendas próximas dali. Mas desde 7 de outubro, a Cisjordânia assistiu a um aumento "significativo" de episódios de deslocamento forçado e violência contra palestinos por parte de colonos, segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (ENUCAH).

Em 7 de outubro, membros do Hamas – um grupo radical islâmico – invadiram território israelense, matando ao menos 1,2 mil pessoas que viviam em comunidades próximas à Faixa de Gaza, no sul de Israel – a maioria civis –, e sequestrando outras 240, que continuam em cativeiro.

Israel reagiu com intensos bombardeios a alvos em Gaza e, mais tarde, com o envio de tropas por terra, como parte de sua campanha militar que visa derrotar o Hamas. Enquanto isso, continua a ser alvo de foguetes vindos de Gaza, mas também do Líbano e da Síria.

 

Violência


Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, território controlado pelo Hamas, a ação israelense no enclave sitiado resultou na morte de mais de 11 mil palestinos.

Mas o conflito Israel-Hamas também afeta palestinos que vivem na Cisjordânia ocupada. Segundo o ENUCAH, 168 palestinos foram mortos por forças israelenses no território, e outros oito, por colonos israelenses. No lado israelense, três cidadãos foram mortos em ataques perpetrados por palestinos.

Outras 1.149 pessoas de 15 comunidades rurais e beduínas foram deslocadas pelo conflito, obrigadas a fazer as malas ou a demolir as próprias casas e currais, ainda de acordo com as Nações Unidas. Alguns sequer puderam levar seus pertences consigo.

Assim como aconteceu em Khirbet Susiya, grupos de direitos humanos documentaram alguns incidentes nos quais colonos armados invadiram vilarejos palestinos e ameaçaram os moradores se eles não saíssem.

 

Nuvem carregada


Khirbet Susiya é uma pequena comunidade de famílias palestinas espalhadas pela paisagem montanhosa. A maioria são agricultores e vivem do plantio e da criação de ovelhas. A casa simples de Abud Eid, suas lonas e currais pareciam quase pacíficos no dia em que a agência alemã de notícias DW esteve lá; um gato cochilava sob o sol do meio-dia enquanto as galinhas ciscavam à vontade. Mas a ameaça de violência paira sobre tudo, como uma nuvem carregada. E afeta a existência das pessoas.

— Para onde deveríamos ir? O que eles querem de nós? Querem pegar nossas casas, sabemos disso por causa do passado. Para onde mais podemos ir? Esta é a nossa casa, este é o nosso lar, não podemos deixá-lo — lamenta Abu Eid.

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