Ciro Nogueira, alvo de desgaste, tem cargo no Planalto ameaçado

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Publicado Segunda, 11 de Abril de 2022 às 13:16, por: CdB

Em ação conjunta com o Ministério Público, o Tribunal de Contas da União (TCU) preparava a abertura de uma investigação na Corte. Em outra ação, segundo a PF, o ministro Ciro Nogueira também teria recebido propina e cometido os crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva. A investigação soma-se ao desgaste mais recente.

Por Redação - de Brasília
Alvo do núcleo mais radical do Palácio do Planalto, o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, enfrenta seu pior desgaste político desde que resolveu apoiar o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). Líder do chamado ‘Centrão’, o nome de Nogueira consta de uma investigação da Polícia Federal (PF) em um esquema de ‘escolas fantasmas’ que tem como base o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), entre outros inquéritos.
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Ciro Nogueira e Jair Bolsonaro não estão mais tão próximos assim, após a eclosão de novos escândalos no Planalto
A permanência do ministro no cargo está em dúvida desde que o escândalo eclodiu nas páginas da mídia conservadora, na semana passada. Segundo relato dos investigadores, o FNDE, que seria controlado pelo ministro da Casa Civil, permite que deputados passem aos seus eleitores notícias falsas de que conseguiram recursos para escolas de primeiro e segundo graus; além de creches, com promessas de construção de 2 mil novas unidades, mas sem qualquer garantia orçamentárias.

Vantagens

Em ação conjunta com o Ministério Público, o Tribunal de Contas da União (TCU) preparava a abertura de uma investigação na Corte. Em outra ação, segundo a PF, o ministro Ciro Nogueira também teria recebido propina e cometido os crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva. A investigação soma-se ao desgaste mais recente. Na investigação anterior, delatores do grupo frigorífico JBS citaram o ex-ministro em depoimentos. A Justiça tem entendido que acusações baseadas unicamente em acordos de delação não são suficientes para gerar condenação. A PF, porém, afirma que ao longo das diligências conseguiu obter provas que confirmaram as declarações. Uma das provas envolve conversas de áudio por aplicativo trocadas entre Joesley Batista, um dos donos da empresa, e Ciro Nogueira. "Joesley Mendonça Batista, por solicitação de Edson Antônio Edinho, é auxiliado por Ricardo Saud, (e) fez repasses de vantagens indevidas para Ciro Nogueira Lima Filho, visando a garantir o apoio do Partido Progressista às eleições da presidente Dilma Rousseff, no ano de 2014", diz parte do relatório da PF vazado para um dos diários conservadores paulistanos.

Defesa

Além dos valores em espécie, o PP teria recebido outros recursos, pagos a título de financiamento de campanha. Por prerrogativa de foro, Ciro ainda não foi formalmente indiciado. A defesa dele nega as acusações. A ex-presidente Dilma não é investigada no inquérito. "Parte da vantagem indevida foi encaminhada ao Partido Progressista, por determinação de Ciro Nogueira Lima Filho, por intermédio de doação eleitoral oficial, como consta nos recibos da prestação de campanha. Outra parte, cerca de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais) foi repassado em espécie, por intermédio do Supermercado Comercial Carvalho, para Gustavo e Silva Nogueira, irmão de Ciro Nogueira que se incumbiu da tarefa de pegar o dinheiro e repassar para Ciro Nogueira", resume o documento. Em nota, a defesa do ministro afirmou que "estranha o relatório da Polícia Federal, pois a conclusão é totalmente baseada somente em delações que não são corroboradas com nenhuma prova externa".
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