Rio de Janeiro, 17 de Outubro de 2024

Ciro busca apoio da extrema direita, após escracho da esquerda

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Segunda, 04 de Outubro de 2021 às 14:49, por: CdB

O encontro entre Ciro e Datena ocorre após o artista ser convidado, no mês passado, para se filiar ao PDT pelo presidente nacional da sigla, Carlos Lupi – que também participou do jantar. Embora Datena tenha recusado, momentaneamente, o convite para assinar a ficha pedetista de filiação, solidarizou-se com Gomes pelo episódio da Avenida Paulista.

Por Redação - de São Paulo
Apenas 48 horas depois de ter sido vaiado por integrantes da esquerda e da centro-esquerda, durante o ato na Avenida Paulista em protesto contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o pré-candidato à Presidência da República, Ciro Gomes (PDT) reuniu-se, na noite passada, com o apresentador José Luiz Datena, que integra a extrema direita neofascista. Trata-se, na realidade, de mais um passo no convencimento para que o apresentador seja vice na chapa do pedetista, em 2022.
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Ciro Gomes e Datena, da extrema direita, tentam um acordo para as eleições do ano que vem
O encontro presencial entre Ciro e Datena ocorre após o artista ser convidado, no mês passado, para se filiar ao PDT pelo presidente nacional da sigla, Carlos Lupi – que também participou do encontro, assim como a mulher de Ciro, Giselle Bezerra. Embora Datena tenha recusado, momentaneamente, o convite para assinar a ficha pedetista de filiação, solidarizou-se com Gomes, durante o jantar, pelo episódio da Avenida Paulista e, de acordo com interlocutores, conversaram também sobre possíveis alianças partidárias. Em julho, Datena se filiou ao PSL, e foi lançado pela sigla que elegeu Jair Bolsonaro em 2018 como pré-candidato à Presidência em 2022. No entanto, após o avanço na negociação pela fusão entre DEM e PSL, o apresentador estaria se sentindo “desconfortável” na legenda, segundo disse Lupi a um dos diários conservadores paulistanos. — Ele quer esperar essas definições internas (para definir a filiação) — disse o presidente do PDT. Segundo Lupi, a expectativa é de que Datena tome uma decisão até o fim de novembro, ainda que eles não tenham definido uma data para a resposta.

‘Bobagenzinha’

Na tarde de domingo, em coletiva virtual de imprensa, Gomes minimizou os ataques recebidos durante ato na Avenida Paulista e propôs uma “trégua de Natal” entre a oposição em nome do impeachment do presidente Jair Bolsonaro. O ex-ministro mandou um recado ao PT, partido com o qual mantém uma relação de forte rivalidade desde a eleição de 2018. O pedetista classificou o episódio como “bobagenzinha” e disse “não ter nada a ver” com a chamada “terceira via” da disputa presidencial do ano que vem. — Estamos propondo uma amplíssima trégua de Natal. Quando for o assunto Bolsonaro e impeachment, a gente deve esquecer tudo e convergir para esse raríssimo consenso, que já não é fácil — afirmou o presidenciável. Questionado se acreditava que o PT vai aderir à proposta de trégua, Ciro disse que não tem como esperar que “eles aceitem ou se comportem como nós gostaríamos”. — No dia a dia, vamos continuar estabelecendo as nossas diferenças — acrescentou.

‘Cara de pau’

As diferenças citadas por Ciro Gomes ficaram mais visíveis, nesta segunda-feira, em artigo do líder petista e ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu. Segundo o militante político e ex-parlamentar, a mídia conservadora busca, desesperadamente, por um adversário do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) capaz de ofuscar a opção atual, no caso, o mandatário neofascista Jair Bolsonaro (sem partido). “Sem escrúpulo ou pudor nem papas na língua, assistimos a um espetáculo deplorável de três pré-candidatos recolocando a agenda da corrupção e do antipetismo, com pérolas como a de Mandetta que, com uma cara de inocente, revelou que, no início do PT, pregamos a morte de Magalhães Pinto, um dos articuladores do golpe de 64, ministro da ditadura e que na votação das Diretas se ausentou do plenário”, escreveu o ex-deputado. Ainda segundo Dirceu, “(o senador) Alessandro Vieira (SE) do Cidadania teve a cara de pau de afirmar que as condenações de Lula transitaram pelas quatro instâncias escondendo o óbvio: foram anuladas e o juiz declarado suspeito, parcial. Ciro fez seu papel, meio constrangido de estar ali, de líder da bancada anti PT e Lula”. “Fora o fato de que Lula tem hoje votos para ir ao segundo turno e até vencer no primeiro, não ouvimos nada sobre como tirar o nosso povo da tragédia humanitária e nacional em que vivemos. Ao contrário, há uma evidente intenção de esconder o lado sombrio da obra do golpe de 2016, o fracasso total dos governos Temer e Bolsonaro no que interessa: o crescimento econômico com distribuição de renda, o combate à miséria e, agora, de novo à fome, o enfrentamento da emergência climática e social, a crise energética e a carestia que sufoca nosso povo”, acrescentou.

‘Fora Bolsonaro!”

Ainda de acordo com o advogado, de volta à vida pública, “nossa direita carece de líderes reais, e lhe falta o essencial: voto. Esse é o real problema da (Rede) Globo (de Televisão) e da elite empresarial. Não têm o que apresentar para o povo. Fracassaram rotundamente e jogaram o país na sua pior crise social e econômica, ao romper o pacto democrático de 1988 e levar Bolsonaro ao poder. Agora pagam o preço do descrédito popular e rejeição de seus candidatos”. “Propõem ao país o mesmo do que estamos vivendo: a continuidade do desmonte do Estado Nacional e das conquistas sociais da Constituição de 1988, um bolsonarismo sem ele e agora sem Guedes pelo visto. Abandonaram rapidamente a prioridade que é o impedimento de Bolsonaro e a defesa da democracia para retomar a odiosa guerra contra Lula e o PT, mesmo ao preço do uso e abuso de uma concessão pública de TV, fazendo abertamente política partidária e atuando como ator no processo eleitoral, um ensaio do que pretendem na campanha de 22”. “Nós continuamos onde sempre estivemos, na luta pelo impeachment – dia 2 de outubro, nas ruas em todo o Brasil no grande ato “Fora Bolsonaro!”- e na disputa democrática dos governos estaduais como fazemos desde 1982 e da presidência, desde 1989, sem nunca nos afastar do respeito à soberania popular via eleições livres, sem o uso e abuso do poder econômico, dos meios de comunicação, da coerção via Estado, exigências básicas para eleições democráticas”, concluiu, no artigo publicado pelo site de notícias Poder 360, de centro-direita.
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