Chegada de Bolsonaro ao PL começa tumultuada por seu próprio filho

Bolsonaro preferiu o PL ao PP, com quem vinha negociando, por avaliar que terá ali mais autonomia para influenciar nas decisões da Executiva e nos diretórios regionais. Presidente nacional do PL, Costa Neto confirmou ter conversado na véspera com Bolsonaro.

Por Redação - de Brasília

O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), mais conhecido como ’02’, apagou uma publicação, feita em 2016 no Twitter, sobre o ex-deputado Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, partido que seu pai, Jair Bolsonaro, deve se filiar nesta semana. Na publicação, o parlamentar compartilhou uma notícia que tratava de uma delação premiada de Valdemar. Antes de Carlos excluir, a publicação foi resgatada por adversários políticos. O fato foi mal repercutido no PL, segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil.

A mensagem dizia: “Exclusivo: Delator aponta propina de 3,5% para PR e Valdemar Costa Neto nos contratos de Furnas”. A decisão de excluir o que disse ocorre no momento em que Bolsonaro bate o martelo e decide disputar a reeleição pelo PL, em 2022. A filiação ao Partido Liberal ocorrerá ainda neste mês e representa sua nona mudança de legenda, desde que ingressou na política, em 1988.

Debandada

Bolsonaro preferiu o PL ao PP, com quem vinha negociando, por avaliar que terá ali mais autonomia para influenciar nas decisões da Executiva e nos diretórios regionais. Presidente nacional do PL, Costa Neto confirmou ter conversado na véspera com Bolsonaro. Ele disse ao ex-deputado que já avisou da sua decisão ao ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. — Ele disse para mim que falou com o Ciro hoje. E que o Ciro entendeu. Então, vamos tocar para frente o assunto e ver quando vamos fazer essa filiação — afirmou Costa Neto, a jornalistas. A chegada de Bolsonaro ao PL, no entanto, não receberá as boas-vindas de parte da bancada federal. Três deputados já adiantaram que pretendem deixar a sigla, caso seja confirmada a filiação de Jair Bolsonaro. Eles são de Estados do Nordeste e afirmam que a permanência na legenda do candidato adversário do ex-presidente Lula (PT) pode ser prejudicial na disputa de 2022. O partido também pode perder quadros entre deputados da região Norte. Outros três parlamentares têm dito a interlocutores que analisam sair com a chegada de Bolsonaro. Entre parlamentares do PL, a expectativa é de que a filiação resulte em pedidos de desfiliação, mas também atraia parte dos bolsonaristas que aguardam uma decisão do presidente para escolher seus partidos.