Bolsonaro tenta ‘tirar o corpo fora’ quanto aos atos terroristas

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Publicado Terça, 17 de Janeiro de 2023 às 14:59, por: CdB

Em Orlando, no Estado norte-americano da Flórida, Bolsonaro fez sua primeira aparição pública nesta manhã, desde que os ataques terroristas em Brasília escancararam a tentativa de um golpe de Estado, no país. Na porta da casa onde está hospedado com parte da família, a um custo diário de mais de R$ 5 mil, Bolsonaro admitiu uma série de “deslizes”.

Por Redação, com agências de notícias - de Orlando (FL-EUA)
Aconselhado por seus asseclas mais próximos a se afastar ao máximo dos fatos negativos, o ex-presidente Jair Bolsonaro quebrou, nesta terça-feira, o silêncio mantido após a defesa da tese de que as eleições das quais saiu derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teriam sido forjadas, segundo uma publicação em rede social apenas algumas horas depois da tentativa de um golpe de Estado, no dia 8 de janeiro. Uma lista de processos o aguarda, tão logo esteja de volta ao Brasil.
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Ex-mandatário fascista, Bolsonaro encontra-se hospedado em uma casa em Orlando (FL-EUA)
Em Orlando, no Estado norte-americano da Flórida, Bolsonaro fez sua primeira aparição pública nesta manhã, desde que os ataques terroristas em Brasília escancararam a tentativa de um golpe de Estado, no país. Na porta da casa onde está hospedado com parte da família, a um custo diário de mais de R$ 5 mil, Bolsonaro admitiu uma série de “deslizes” e “furos” durante sua gestão. — Em quatro anos, todo dia era segunda-feira. Tem alguns furos? Tem, lógico. A gente comete alguns deslizes em casa, que dirá no governo. Só que em casa a gente sabe quem é o responsável. É sempre nós, os maridos — tergiversou.

Tom suspeito

Ao citar os ataques de vândalos em seu nome, ao Congresso, ao Palácio do Planalto e ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-mandatário usou de um tom suspeito ao afirmar que os ataques foram “inacreditáveis”. — Lamento o que aconteceu dia 8, uma coisa inacreditável. Mas no meu governo, o pessoal aprendeu o que é política, conheceu os poderes, começou a dar valor à liberdade. Eu falava para alguns sobre a liberdade, e eles diziam que era igual ao sol, nasce todo dia, mas não é bem assim não. A gente acredita no Brasil — diz ele. O arremedo de uma tentativa de se esquivar dos fatos que o envolvem nos mais de 15 processos a que responde perante o Judiciário, por suspeitas de crimes graves, no entanto, não foi suficiente para alterar os ânimos das Cortes. Ministros do STF têm dito à mídia conservadora, geralmente sem se identificar, que o Supremo está dividido entre aqueles que consideram “um exagero” decretar a prisão imediata de Bolsonaro, sob o argumento de que tal medida poderia tensionar ainda mais o cenário nacional, nos âmbitos social e político.

Fake news

Há, no entanto, ministros do mesmo colegiado que discordam e veem subsídios bastantes para levar o ex-mandatário fascista à barras dos presídios. A minoria na Corte, que não passa de dois magistrados, porém, sequer encontra os argumentos necessários para processar o ex-presidente. Um frágil consenso, contudo, atribui ao ministro Alexandre de Moraes, que conduz as investigações quanto à relação de Bolsonaro com os atos terroristas de 8 de janeiro, a tarefa de estabelecer a pena, caso culpado, de acordo com as provas colhidas nos autos. Todos os ministros ouvidos por uma série de jornalistas, entre eles do Correio do Brasil, concordam que Bolsonaro terá todas as garantias do devido processo legal observadas no exercício de sua defesa. Como forma de garantir o amplo direito de defesa, todavia, o ministro do STF Gilmar Mendes afirmou, nesta tarde, ser necessária a construção de mecanismos para combater a indústria das notícias falsas (fake news) que prospera junto aos apoiadores do bolsonarismo.

Ameaças

Para Mendes, tais mecanismos iriam "além da legislação" existente. Em visita à Universidade de Coimbra, Portugal, nesta terça-feira, o magistrado acrescentou que o país precisa desenvolver “mecanismos que vão além da legislação que temos hoje para as redes sociais”. O ministro acrescenta que tais pontos não deveriam tratar apenas sobre as questões de pedofilia, discurso de ódio, mas que deveriam ser inclusos os ataques à democracia brasileira, como a disseminação de informações falsas por apoiadores de Bolsonaro. — Temos uma massa de pessoas muito suscetível a esse apelo populista, de promessas que não vão se realizar. O grande problema visível, hoje, são as redes sociais. São o grande instrumento para espalhar ignorância, ‘fake news’ e ameaças inexistentes — concluiu.
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