Bolsonaro parte para último reduto armado, contra os governadores

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Publicado Segunda, 23 de Agosto de 2021 às 14:19, por: CdB

Mesmo depois dos ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro apresentou na última sexta-feira o pedido de impedimento do ministro Alexandre de Moraes. Ele prometeu, ainda, pedir o afastamento, nesta semana, do presidente do TSE, Luís Roberto Barroso.

Por Redação - de Brasília
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), isolado no ambiente militar após uma série de tentativas de arrastar as casernas a uma aventura golpista, partiu para seu último reduto armado, nas Polícias Militares estaduais, mas encontra pesada resistência por parte dos governadores da absoluta maioria dos Estados da Federação. Ainda assim, não deixou de lançar, nesta segunda-feira, um novo balão de ensaio com novas agressões ao Judiciário.
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Presidente diz que se perder o apoio popular "acabou"
Mesmo depois dos ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro apresentou na última sexta-feira o pedido de impedimento do ministro Alexandre de Moraes. Ele prometeu, ainda, pedir o afastamento, nesta semana, do presidente do TSE, Luís Roberto Barroso. Nesta manhã, no entanto, o mandatário neofascista voltou a falar em “caça às bruxas”, ao criticar as prisões decretadas por Moraes a seguidores, como o deputado afastado Daniel Silveira (PTB-RJ), o blogueiro Oswaldo Eustáquio e, há duas semanas, o presidente do PTB, Roberto Jefferson. As detenções ocorreram no âmbito dos inquéritos sobre a disseminação de notícias falsas (fake news), do qual Moraes é o relator. — A gente não pode aceitar passivamente isso dizendo ‘ah, não é comigo’. Vai bater na sua porta — disse o presidente nesta manhã sem esclarecer, no entanto, o que significaria não “aceitar passivamente”. Para fazer frente a ameaças desse tipo, governadores de 24 Estados do Brasil e do Distrito Federal reuniram-se, nesta segunda-feira, e reforçaram as críticas contra o governo Bolsonaro e defenderam as instituições democráticas. Ao término, decidiram solicitar uma reunião com o presidente do país.

Investimentos

Segundo o coordenador do fórum de governadores e governador do Piauí, Wellington Dias (PT), a expectativa é de que o possível encontro com Bolsonaro na próxima semana servirá para tentar harmonizar a relação entre os Poderes. — O objetivo é demonstrar a importância de o Brasil ter um ambiente de paz, de serenidade onde possamos garantir a forma de valorização da democracia, mas principalmente criar um ambiente de confiança que permita atração de investimentos, geração de empregos e renda — disse Dias aos jornalistas. Para o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), aliado do governo federal, a intenção é "utilizar a força dos governadores que falam em nome da população e levar essa fala dos 27 governadores para todos os Poderes constituídos no país". A reunião do Fórum Nacional de Governadores foi realizada depois da Polícia Federal deflagrar uma operação para investigar a incitação de atos violentos contra a democracia.  — Foi uma proposta de consenso de todos nós, governadores, pela nossa disparidade de posições políticas e partidárias, mas, pela harmonia que temos no nosso grupo, nós temos condições de ajudar nessas relações —pontuou Rocha.

Agressões

Apesar de ter rompido com Bolsonaro, Carlos Moisés (PSL), de Santa Catarina, foi um dos únicos que se posicionou contra uma medida mais enérgica contra o presidente. — O que nós devemos fazer é defender a democracia, Moisés, e não silenciar diante das ameaças que estamos sofrendo constantemente — reagiu o governador de São Paulo, João Doria. O gestor paulista era um dos defensores da produção de uma carta em repúdio às ações recentes de Bolsonaro. No entanto, a maioria acredita que essa medida serviria apenas para acirrar os ânimos e não conter. Logo depois do encontro, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), fez um balanço da discussão e ressaltou a necessidade de que autoridades se posicionem contra as agressões de Bolsonaro "à democracia, ao meio ambiente e à economia”.

Ausentes

“Democracia não é apenas a oportunidade da eleição de um governo, é também a necessidade de que os governantes eleitos saibam conviver com a contestação", afirmou. "Infelizmente, o atual presidente parece não saber disso", escreveu em uma rede social. De acordo com Leite, o Brasil enfrenta um momento crítico, que exige posicionamento. "Temos uma responsabilidade como governadores para além das nossas próprias populações dos Estados, para com a Federação, que é a soma dos nossos Estados. “É algo que se impõe neste momento crítico que estamos vivendo da história nacional", acrescentou. A reunião contou com a presença de 23 governadores e dois vice-governadores de 24 estados e do Distrito Federal. Alguns representantes participaram do encontro presencialmente no Palácio do Buriti, sede do governo do DF, mas a maioria optou pela videoconferência. Dos 27 governadores, somente dois não participaram: o do Tocantins, Mauro Carlesse (PSL) e o do Amazonas, Wilson Lima (PSC).
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