Bolsa inicia semana em queda, com o dólar reticente e de olho no exterior

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Publicado Segunda, 06 de Janeiro de 2020 às 12:20, por: CdB

“Investidores que esperavam a assinatura planejada de um acordo comercial entre EUA e China no final deste mês foram abalados pelo ataque americano contra o general iraniano Qassem Soleimani, que serviu como um lembrete de que os mercados permanecem vulneráveis à geopolítica”, disse a XP Investimentos.

 
Por Redação, com Reuters - de São Paulo
  A bolsa paulista começava a semana com o Ibovespa em queda, contaminada pelas preocupações com a escalada das tensões envolvendo Estados Unidos e Irã, que minavam praças acionárias no exterior e corroboravam ajustes de baixa nas ações brasileiras após recordes recentes.
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O índice Ibovespa operava no campo negativo, diante da incerteza gerada após ataque norte-americano em solo iraquiano
Às 11h36, o Ibovespa caía 0,95 %, a 116.586,49 pontos. O declínio vem após o Ibovespa renovar recordes na semana passada, quando chegou a 118.791,86 pontos —máxima intradia histórica. O volume financeiro do pregão somava R$ 3,782 bilhões. “Investidores que esperavam a assinatura planejada de um acordo comercial entre EUA e China no final deste mês foram abalados pelo ataque americano contra o general iraniano Qassem Soleimani, que serviu como um lembrete de que os mercados permanecem vulneráveis à geopolítica”, disse a XP Investimentos.

Milícia

Em nota a clientes, a XP destacou que a situação no Oriente Médio pareceu se deteriorar no fim de semana, chamando a atenção para declarações do Irã sobre o acordo nuclear e ameaças do presidente Donald Trump se Teerã retaliar. O Irã anunciou no domingo que vai renunciar ainda mais aos compromissos feitos em um acordo nuclear em 2015, com um porta-voz do governo dizendo à televisão estatal que Teerã não vai mais respeitar os limites estabelecidos sobre o número de centrífugas de enriquecimento de urânio que pode usar. Já o presidente norte-americano, Donald Trump, ameaçou atingir 52 alvos iranianos se o Irã atacar norte-americanos após o ataque de drone que matou o comandante militar iraniano Qassem Soleimani e um líder da milícia iraquiana.

Novas ações

A equipe do BTG Pactual afirmou que ainda é dificil avaliar possíveis desdobramentos relacionados ao ataque norte-americano, mas que, no curtíssimo prazo, haverá um crescimento da aversão a risco, conforme nota a clientes enviada pela área de gestão do banco de investimentos. “A palavra volatilidade segue em moda”, afirmam os analistas do BTG. Também nesta segunda-feira passa a vigorar a nova composição do Ibovespa, com a inclusão das ações de Carrefour Brasil, Hapvida, SulAmérica, Cia Hering e Totvs, totalizando 73 ativos de 70 empresas. A nova carteira vale até 30 de abril. O dólar, por sua vez, tinha pouca movimentação contra o real nesta segunda-feira, rondando os R$ 4,06, com os investidores digerindo a intensificação das tensões entre Estados Unidos e Irã no Oriente Médio, em dia de fraqueza do índice do dólar contra as principais moedas. Às 9h51, o dólar avançava 0,06%, a R$ 4,0578 na venda. O dólar futuro de maior liquidez tinha estabilidade neste pregão, a R$ 4,063.

Retaliação

Na sessão anterior, com a notícia da morte do general iraniano Qassem Soleimani em um ataque norte-americano ao aeroporto de Bagdá na sexta-feira, o dólar à vista fechou em alta acentuada de 0,74%, a R$ 4,0555 na venda. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, manteve no domingo uma ameaça de atacar locais culturais iranianos, alertando para uma “grande retaliação” se o Irã revidar pela morte de Soleimani. Ainda no domingo, o Irã se distanciou ainda mais do acordo nuclear de 2015 com potências mundiais, dizendo que não respeitará limites a seu trabalho de enriquecimento de urânio. No exterior, o dólar perdia força contra uma cesta de moedas fortes, principalmente pela migração dos investidores para divisas seguras — como o iene japonês e o franco suíço — devido à aversão por risco global após os ataques dos EUA. Contra o peso mexicano e o rand sul-africano, moedas emergentes pares do real, a moeda norte-americana registrava perdas.
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