Armênios de Nagorno-Karabakh fogem da morte, da guerra e da fome

Arquivado em:
Publicado Terça, 26 de Setembro de 2023 às 11:07, por: CdB

O número de vítimas não pára de aumentar desde que o Azerbaijão recuperou o controle da região separatista. Os armênios de Nagorno-Karabakh continuam a fugir da região. Mais de 13 mil já tinham chegado à Armênia nesta terça-feira, de acordo com números oficiais.


Por Redação, com RTP - de Kiev


A situação em Nagorno-Karabakh deteriorou-se ainda mais na segunda-feira à noite, quando um depósito de combustível explodiu, causando a morte de ao menos 20 pessoas e ferindo mais de 200.




armenios.jpeg
Situação se agravou com explosão de depósito de combustível

O número de vítimas não pára de aumentar desde que o Azerbaijão recuperou o controle da região separatista. Os armênios de Nagorno-Karabakh continuam a fugir da região. Mais de 13 mil já tinham chegado à Armênia nesta terça-feira, de acordo com números oficiais.


O cenário é de engarrafamento na única estrada que liga a Armênia a Nagorno-Karabakh, enclave reconhecido internacionalmente como pertencente ao Azerbaijão, mas povoado maioritariamente por armênios. Desde as primeiras saídas do último domingo da região que carros e ônibus lotados têm chegado ao posto de controle de Kornidzor.


Isso ocorre após declarações do primeiro-ministro armênio, Nilkol Pachinian, que anunciou que seu país acolheria “com cuidado os irmãos e irmãs do Nagorno-Karabakh”. "Às 8h locais deste 26 de setembro, 13.550 pessoas deslocadas chegaram à Armênia procedentes de Nagorno-Karabakh", afirmou o Conselho de Ministros, em comunicado em seu site.


No primeiro dia do êxodo, pelo menos 13.550 dos 120 mil armênios de Nagorno-Karabakh conseguiram atravessar a fronteira e deixar a capital do enclave em disputa, conhecida como Stepanakert pela Armênia e Khankendi pelo Azerbaijão.



Explosão de um depósito de combustível


De acordo com as autoridades locais, na segunda-feira a explosão de um depósito de combustível no enclave matou pelo menos 20 pessoas e feriu 280, no meio do êxodo de milhares que se apressavam em fugir e recorreram às estações de combustível para fazer compras. "Infelizmente, não foi possível salvar a vida de sete pacientes, que morreram no hospital. Dezenas estão ainda em estado crítico. Treze corpos não identificados foram transferidos para a perícia médica", indicaram as autoridades separatistas em comunicado.


Segundo o Ministério da Saúde de Nagorno-Karabakh, “muitas pessoas estão desaparecidas” e por isso o número de mortos pode aumentar substancialmente nas próximas horas.


Devido ao engarrafamento nas estradas de Karabakh, que têm dificultado o acesso à ajuda humanitária e a retirada de civis, o ministério informou que um helicóptero com equipe médica, remédios e outros materiais foi enviado para ajudar no tratamento de feridos.


Entretanto, a situação humanitária na região, já marcada por relatos de conflito, escassez de alimentos, combustível, gás e eletricidade, tem-se deteriorado nas últimas horas. O fluxo de refugiados do Nagorny Karabakh para a Armênia continua, apesar do cessar-fogo acordado no último dia 20 e das promessas do presidente azeri Ilham Aliev de que os direitos dos armênios de etnia estariam "garantidos".


– O governo fornece alojamento a todos aqueles que não têm para onde ir – afirmou o porta-voz do governo armênio.


Na cidade de Kornidzor, na fronteira com o Azerbaijão e a 150 quilômetros do enclave disputado, milhares de deslocados estão sendo abrigados em um centro humanitário criado para isso.


Hoje, Bruxelas anunciou novo financiamento de 4,5 milhões de euros para ajudar os deslocados na Armênia e os civis vulneráveis em Nagorno-Karabakh, depois do primeiro envio de 500 mil euros de apoio de emergência anunciado na sexta-feira.


A União Europeia (UE) recebeu nesta terça-feira em Bruxelas os altos representantes da Armênia e do Azerbaijão. O primeiro-ministro armênio, Nikol Pachinian, e o presidente azeri, Ilham Aliev, deverão participar de reunião da Comunidade Política Europeia, onde estarão reunidos representantes de 50 países, membros e não membros da UE, em 5 de outubro em Granada.




Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo