Argentina: Javier Milei sai na frente nas eleições primárias

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Publicado Segunda, 14 de Agosto de 2023 às 10:50, por: CdB

Milei, um admirador do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, diz que o Banco Central da Argentina deve ser abolido, acha que a mudança climática é uma mentira, caracteriza a educação sexual como manobra para destruir a família.


Por Redação, com RTP - de Buenos Aires


O populista de extrema-direita Javier Milei foi o mais votado nas eleições primárias de domingo, destinadas a escolher os candidatos presidenciais às eleições gerais de outubro na Argentina, país afetado por problemas econômicos.




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Com 92% das urnas apuradas, Javier Milei obteve 30% dos votos

As eleições, que ocorrem em outubro, sofreram reviravolta depois da vitória de Milei.


Com cerca de 92% das urnas apuradas, Milei obteve cerca de 30% dos votos totais, de acordo com os resultados oficiais, muito acima do previsto. Os candidatos da principal coligação da oposição, Juntos pela Mudança, obtiveram 28% e a atual coligação governamental, União pela Pátria, conseguiu 27%.


Milei, um admirador do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, diz que o Banco Central da Argentina deve ser abolido, acha que a mudança climática é uma mentira, caracteriza a educação sexual como manobra para destruir a família, acredita que a venda de órgãos humanos deve ser legal e quer tornar mais fácil a posse de armas de fogo.


Enquanto comemorava na sede eleitoral, Milei prometeu pôr "fim à casta política parasita, corrupta e inútil" do país.


– Hoje demos o primeiro passo para a reconstrução da Argentina – disse. "Uma Argentina diferente é impossível com as mesmas pessoas de sempre", acrescentou.



Golpe à coligação de centro-esquerda


O resultado representa duro golpe à coligação de centro-esquerda e reflete o descontentamento generalizado na Argentina, que se debate com uma inflação anual superior a 100%, o aumento da pobreza e uma moeda em rápida desvalorização.


A crise econômica deixou muitos argentinos desiludidos com os principais partidos políticos e abriu as portas para Milei, que atraiu apoio ao apelar à substituição do peso pelo dólar norte-americano.


Os resultados "refletem o cansaço das pessoas em relação à liderança política e à falta de soluções dentro dos espaços que têm estado no poder consecutivamente", disse Mariel Fornoni, diretor da Management and Fit, uma empresa de consultoria política.


As primárias são obrigatórias para a maioria dos adultos e vistas como uma sondagem nacional sobre a posição dos candidatos perante os argentinos para as eleições gerais, que ocorrem em 22 de outubro. Dão uma indicação clara de quem é o favorito para assumir a presidência.


Na principal coligação da oposição, Juntos pela Mudança, os eleitores também pareciam estar dispostos a deslocar-se mais para a direita, uma vez que a antiga ministra da Segurança, Patricia Bullrich, derrotou com facilidade um candidato mais centrista, o presidente da Câmara de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta.


A coligação governamental União pela Pátria foi derrotada pelos eleitores devido à crise econômica, ficando em terceiro lugar no total de votos. Como esperado, o ministro da Economia, Sergio Massa, tornou-se o candidato presidencial da coligação, derrotando facilmente o esquerdista Juan Grabois.


– Temos 60 dias para mudar essas eleições – disse Massa aos apoiadores.



Mercado financeiro


Os mercados da Argentina amanheceram hoje enfraquecidos após a vitória do populista Javier Milei.


Antes das eleições, os analistas já tinham avisado que um resultado melhor do que o inicialmente esperado para Milei, de 52 anos, provavelmente perturbaria os mercados financeiros e levaria a uma queda acentuada no valor do peso argentino, pela incerteza sobre as políticas econômicas que poderá adotar caso se torne presidente.


O banco de investimentos JPMorgan projeta "pressão crescente sobre a taxa de câmbio, resultando em diferença cada vez maior entre a taxa de câmbio paralela e oficial".


A Argentina é o maior devedor do Fundo Monetário Internacional (FMI), com um programa de US$ 44 bilhões aprovado em março do ano passado para refinanciar empréstimo de 2018.






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