Em ano eleitoral, tendência da inflação é de alta, dizem analistas

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Publicado Quarta, 26 de Janeiro de 2022 às 13:25, por: CdB

Há, ainda, o temor de reflexos sobre a taxa de câmbio e a inflação, que podem ser causados por incertezas políticas e ruídos na área fiscal. Diante desse contexto, analistas começam a enxergar a possibilidade de o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficar ainda mais distante da meta perseguida pelo Banco Central (BC) em 2022.

Por Redação, com RBA - de São Paulo
Os riscos no cenário econômico para este ano têm origens distintas, segundo analistas econômicos ouvidos nesta quarta-feira. Os principais obstáculos ao desenvolvimento do país envolvem desde a elevação dos preços do petróleo no mercado internacional, que impacta os combustíveis no país, até os danos causados pela estiagem na produção de alimentos em estados das regiões Sul e Centro-Oeste; além da campanha eleitoral que está apenas no começo.
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A moeda brasileira tende a se desvalorizar ainda mais com a alta nos índices de inflação
Há, ainda, o temor de reflexos sobre a taxa de câmbio e a inflação, que podem ser causados por incertezas políticas e ruídos na área fiscal. Diante desse contexto, analistas começam a enxergar a possibilidade de o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficar ainda mais distante da meta perseguida pelo Banco Central (BC) em 2022. Neste ano, o teto da meta de inflação é de 5%. O mercado financeiro, porém, já espera um IPCA maior. A mediana das projeções para o indicador subiu de 5,09% para 5,15%, conforme a edição mais recente do relatório semanal Focus, divulgada na segunda-feira pelo BC. — Não se trata de uma inflação puramente de demanda. Há uma grande pressão de custos sobre preços importantes, como os de energia e alimentos — afirma Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) ao diário conservador paulistano Folha de S. Paulo (FSP).

Commodity

Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, tem opinião semelhante. — A gente começa a vislumbrar um IPCA mais próximo de 6% — afirmou à FSP. Por ora, ela projeta inflação de 5,5% no acumulado de 2022, mas menciona que o viés é de alta nessa estimativa. O avanço do petróleo no mercado internacional causa pressão inflacionária no Brasil porque é levado em consideração pela Petrobras na hora de definir os preços dos combustíveis nas refinarias. Na semana passada, a commodity atingiu o maior nível desde 2014. Analistas associam a escalada do petróleo a tensões geopolíticas em regiões produtoras e à decisão dos principais países fornecedores de não elevarem a oferta, apesar da demanda crescente. Na visão de analistas, mesmo com o eventual alívio nos preços para os consumidores, a perda de receitas também provocaria uma espécie de efeito colateral sobre a inflação.

Contas públicas

É que um novo ruído fiscal tende a repercutir de maneira negativa no mercado financeiro e pressionar ainda mais o dólar, gerando reflexos sobre bens e serviços que dependem de insumos importados, por exemplo. — O projeto é como dar com uma das mãos e tirar com a outra. A leitura do mercado é de mais incertezas fiscais. Isso pode elevar riscos e desvalorizar ainda mais o real frente ao dólar — observou Camila Abdelmalack, da Veedha Investimentos, à FSP. Em 2021, o IPCA teve alta de 10,06%, a maior desde 2015, quando a economia brasileira atravessava recessão no governo Dilma Rousseff (PT). Com o resultado, o indicador oficial de inflação estourou com folga a meta perseguida pelo BC no ano passado, cujo teto era de 5,25%. Em 2022, a expectativa do mercado é de uma desaceleração do IPCA. Ou seja, o índice tende a apresentar um aumento menor do que em 2021, mas deve continuar em patamar desconfortável, acima da meta.
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