Americanas vira terreno de garimpo a investidores, mas dívida cresce

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Publicado Segunda, 13 de Fevereiro de 2023 às 13:46, por: CdB

Ainda nesta manhã, a Americanas atualizou a lista de credores do grupo e de suas subsidiárias, que agora conta com 9.713 nomes (pessoas físicas e jurídicas). A dívida acumulada da companhia, segundo o documento, é de R$ 42,5 bilhões.

Por Redação - de São Paulo
O BTG Pactual, um dos bancos mais expostos à crise da varejista Americanas, disse nesta segunda-feira que, “devido a um evento específico que foi amplamente divulgado”, decidiu provisionar R$ 1,123 bilhão na área de Corporate & SME Lending pela exposição de crédito e R$ 77 milhões em Sales & Trading por causa de outros instrumentos financeiros, totalizando R$ 1,2 bilhão.
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A Americanas tem uma inconsistência contábil de quase R$ 50 bilhões
Trata-se de mais uma decisão voltada a conter a avalanche de prejuízos causada pelo escândalo financeiro que tomou o mercado, nas últimas semanas. O banco disse ainda, por ocasião da divulgação do resultado trimestral, que o “evento específico” também impactou as despesas com bônus, que foram reduzidas em R$ 153,1 milhões, e as despesas com imposto de renda e contribuição social, que diminuíram R$ 466,9 milhões no trimestre. “Dessa forma, no agregado, as provisões não recorrentes impactaram negativamente o lucro líquido do BTG Pactual em R$ 580 milhões”, apontou o banco em comunicado nesta manhã.

Oportunidades

Se a gestão temerária de uma das maiores varejistas do país tornou-se um pesadelo para os maiores bancos do país, no epicentro dos acontecimentos, a crise da Americanas causou uma abertura geral (alta) nos spreads (diferença entre o preço de compra e o de venda ) de crédito das debêntures, no mercado secundário. Assim, a dívida da Americanas torna-se um campo de garimpo para os investidores que buscam por oportunidades para negócios arriscados, portanto, lucrativos. De acordo com Evandro Buccini, diretor de crédito da operadora Rio Branco, na semana da publicação do fato relevante da Americanas aconteceu uma queda de rentabilidade nos índices de debêntures indexados ao CDI, o IDA, Índice de Debêntures Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA), e Idex-Geral, marcando uma das maiores quedas de rentabilidade do mercado de crédito desde a pandemia. — Durante esse período, a diferença entre o preço de venda e de compra das debêntures no mercado secundário aumentou em mais 100 pontos-base, excluindo o efeito Americanas. No entanto, o momento de maior estresse já passou e podemos notar a normalização dos spreads de crédito e a redução significativa da diferença entre o preço de venda e de compra para 5 pontos-base a 10 pontos-base, refletindo na rentabilidade dos índices — detalhou Buccini à agência norte-americana de notícias Bloomberg, nesta segunda-feira.

Mais dívidas

Ainda nesta manhã, a Americanas atualizou a lista de credores do grupo e de suas subsidiárias, que agora conta com 9.713 nomes (pessoas físicas e jurídicas). A dívida acumulada da companhia, segundo o documento, é de R$ 42,5 bilhões. No início do mês, os administradores do processo de recuperação judicial da Americanas haviam informado à Justiça que a dívida da empresa seria de R$ 47,9 bilhões. Na última atualização, no dia 19 de janeiro, a lista era formada por 7.967 credores – houve, portanto, um acréscimo de 1.746 pessoas ou empresas. Apenas entre os cinco maiores bancos brasileiros, a dívida da Americanas saltou de R$ 13,1 bilhões para R$ 15,2 bilhões. O maior aumento envolveu o Itaú Unibanco, que tem a receber da varejista R$ 4,3 bilhões (ante R$ 2,9 bilhões da última atualização). A revisão dos números do Itaú incorporou as aplicações em fundos geridos pelo banco. A dívida com o Bradesco, por sua vez, passou de R$ 4,8 bilhões para R$ 5,2 bilhões. Já as dívidas da Americanas com Santander (R$ 3,6 bilhões), Banco do Brasil (R$ 1,6 bilhão) e Caixa Econômica Federal (R$ 500 milhões) não sofreram alterações. A Americanas reportou, ainda, uma dívida de R$ 3,5 bilhões com o BTG Pactual e de R$ 2,527 bilhões com o Banco Safra. Para o BV, a companhia agora deve R$ 207 milhões, ante R$ 3,3 bilhões da última atualização – o banco perdeu na Justiça a correção do montante.
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