Agenda tranquila de Pazuello o libera para visitar Manaus, onde mora a família

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Publicado Terça, 24 de Agosto de 2021 às 13:30, por: CdB

Os únicos dois compromissos da agenda oficial de Pazuello nos 84 dias em que esteve no cargo foram dentro do Palácio do Planalto, em reuniões da Secretaria-Geral da Presidência. A primeira reunião teve duração de duas horas.

Por Redação, com BdF - de Brasília
Protegido do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, fez apenas duas reuniões externas desde que assumiu, em 1º de junho, o cargo de secretário de Estudos Estratégicos, instância ligada à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.
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Ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello é hoje um funcionário de alto escalão na Presidência da República
Os únicos dois compromissos da agenda oficial de Pazuello nos 84 dias em que esteve no cargo foram dentro do Palácio do Planalto, em reuniões da Secretaria-Geral da Presidência. A primeira reunião teve duração de duas horas. A segunda, de apenas uma hora e meia. De acordo com os registros oficiais, ele não realizou nenhuma reunião fora das dependências do Planalto. O restante da agenda de Pazuello é toda preenchida apenas com "despachos internos". A reportagem calculou a proporção dos despachos internos em relação às horas trabalhadas pelo general e concluiu que 99,2% das horas trabalhadas foram preenchidas com esse tipo de atividade. Apenas 0,8% correspondem a reuniões fora da secretaria.

Justificativas

Durante o período ocupando o cargo atual, Pazuello também já foi duas vezes "a serviço" para Manaus, onde sua família reside. Os motivos das viagens à capital do Amazonas não foram divulgados pela Presidência da República. O Portal da Transparência, onde constam as justificativas oficiais para emissão de passagens aéreas pelo Executivo, ainda não foi atualizado com as informações. O Brasil de Fato solicitou esclarecimentos sobre as viagens à Secretaria-Geral da Presidência. Nas segunda e terça-feiras da última semana, a agenda oficial de Pazuello ficou vazia, nem mesmo os "despachos internos" constam na data. No domingo anterior, aparece o compromisso "viagem a serviço à Manaus". Pazuello fez seu primeiro expediente da semana na quarta-feira. Na sexta, também não teve nenhum compromisso.

Atribuições

O ex-ministro também esteve na capital amazonense de 13 a 16 de julho (terça a sexta-feira). Na ocasião, também não fez nenhum registro na agenda oficial durante a viagem. A prevalência de despachos internos na agenda de Pazuello contrasta com o caráter transversal do órgão que ocupa. Dentre as atribuições da secretaria, estão a "articulação e o diálogo com órgãos da administração pública federal de diferentes áreas e Poderes, como os ministérios, além de entes privados". O cargo é enquadrado na Direção e Assessoramento Superior (DAS) no nível 6, a mais alta das disponíveis. A remuneração bruta é de R$ 16.944,90. Pazuello soma os vencimentos com sua remuneração militar, de R$ 31.083,96, totalizando aproximadamente R$ 47 mil mensais brutos.

Crise em Manaus

O militar é tido como um dos supostos responsáveis pela crise que deixou Manaus (AM) sem oxigênio suficiente para o tratamento de seus pacientes durante um dos auges da pandemia de coronavírus no país. Nos primeiros 54 dias de 2021, 5.288 pessoas morreram de covid-19 no Amazonas, mais do que no ano passado inteiro. O MPF (Ministério Público Federal) abriu investigação contra o ex-ministro, o secretário estadual de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo e outros funcionários do governo amazonense e do governo federal, por improbidade administrativa. O objetivo é levantar "aspectos relacionados aos fatos que já são objeto de outros procedimentos em tramitação", que tratam sobre a covid-19. Entre os temas investigados estão os processos de aquisição de vacinas e de organização do plano de imunização, os valores direcionados à compra de medicamentos sem efeito contra o coronavírus e a baixa execução orçamentária para ações de controle da pandemia.

Ato político

O Exército Brasileiro decidiu abrir uma apuração disciplinar para apurar a participação do ex-ministro em um ato em favor do presidente em maio no Rio de Janeiro. Bolsonaro e apoiadores motociclistas passaram pela cidade, e Pazuello participou de toda a ação. Em certo momento, ele até subiu em um carro de som com o presidente e os dois usaram o local como uma espécie de palanque. No episódio, o general estava sem máscara. Quatro dias antes, ele tinha pedido desculpas na CPI da Covid por ter feito a mesma coisa no episódio do shopping em Manaus.
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